Após registrar a maior epidemia de dengue da história em 2019, o Distrito Federal começa a receber ações para evitar que o quadro se repita este ano. Na sexta-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou decreto que coloca o âmbito da saúde pública da capital em estado de emergência. Após a medida, na manhã de ontem, 500 militares do Corpo de Bombeiros visitaram cinco regiões administrativas para fazer vistorias e alertar a população sobre os perigos da doença.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a capital federal enfrenta risco iminente de uma epidemia de dengue e de outras doenças, como febre amarela, zika e chikungunya. O secretário adjunto de Assistência de Saúde da pasta, Ricardo Tavares Mendes, explicou que os militares passaram por Fercal, Sobradinho, São Sebastião, Guará e Planaltina, cidades sensíveis à doença. “Com o início do período chuvoso, já começamos a ter registros de casos. Os números são preocupantes”, informou.
Ainda segundo o secretário adjunto, o cenário é favorável para que o mosquito Aedes aegypti, transmissor das enfermidades, prospere. “Infelizmente, Brasília tem plenas condições para que isso aconteça, como chuva e água limpa. Quando o calor começa, o número de casos tende a aumentar. Por isso, precisamos de apoio da população em conjunto com o Estado para que possamos impedir esse crescimento”, reforçou.
O subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Divino Valero, alertou que a ação dos bombeiros tem como alvo identificar e eliminar focos de mosquitos nas casas das pessoas. “Onde não houver indícios de proliferação do mosquito, fazemos uma ação educativa”, disse. Segundo ele, mais de 90% dos mosquitos surgem dentro das residências. Por isso, é necessário fazer esse trabalho informativo para os moradores da capital. “Todos precisam colaborar”, comentou.
O tenente-coronel dos bombeiros Deusdete Vieira explicou que oficiais da corporação visitarão casas e prestarão informações. Caso algum terreno esteja fechado e eles não conseguirem acesso, a Justiça será acionada para que os militares consigam inspecionar. “O objetivo é visualizar os focos dos mosquitos e trazer informações para a comunidade, combatendo, assim, o problema”, disse. A próxima ação está marcada para sábado.
Histórico
Em 2019, Brasília registrou a maior epidemia de dengue da história. No total, ocorreram 47.393 casos e 62 mortes. O secretário adjunto destacou que, neste ano, apesar de os números de possíveis contágios serem preocupantes, as ações de prevenções começaram cedo para que a situação não se repita. “Comparado com 2019, temos um quadro melhor de segurança para oferecer à população”, ressaltou.
Mendes afirmou que diferentemente do ano passado, o DF está equipado para o enfrentamento de uma possível epidemia. “Estamos mais estruturados e abastecidos com o produto que combate tanto os mosquitos quanto as larvas”, garantiu. Ele frisou que as unidades de saúde têm capacidade para receber possíveis enfermos e que, se for necessário, montarão tendas de hidratação do lado de fora de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), como ocorreu no ano passado.
Em alerta
O decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal. A medida, que vigora até junho, prevê, por exemplo, contratação temporária de profissionais, convocação de aprovados em concurso, extensão de cargas horárias de trabalho e compra de insumos sem a abertura de licitação.