O Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Águas Lindas (GO) prendeu nesta quinta-feira (23/1) o acusado de assassinar Ketley Estefany Silva Nascimento, 17 anos. Wanderson Cleiton Rodrigues, 23, encontrava-se foragido da Justiça até quarta-feira, mas agentes o localizaram em um hotel à beira da estrada, no município de Luís Eduardo Magalhães (BA). Trata-se do primeiro caso de feminicídio registrado neste ano no Entorno.
Em depoimento, o jovem confessou à polícia que matou e esquartejou a ex-namorada, natural de Paratinga (BA), por ciúmes e porque pretendia se livrar do corpo. Ele disse ter encontrado conversas no celular de Ketley e desconfiou de uma suposta traição. O crime ocorreu na segunda-feira, na residência onde o casal morava, no bairro Jardim Pérola da Barragem II, em Águas Lindas. “Antes de esquartejá-la, ele deu duas facadas nela, uma no peito e a outra no pescoço. Depois, a cortou e colocou as partes dentro de um saco plástico, no freezer”, detalhou o delegado Danilo Victor Nunes.
Segundo o investigador, o jovem é açougueiro e teria utilizado uma faca de 30cm para decepar o corpo da adolescente. Os dois teriam se conhecido por meio de um aplicativo de namoro e mantinham um relacionamento havia pouco mais de um mês. Nesta quinta-feira (23/1), o acusado foi transferido para o presídio de Águas Lindas. Ele responderá por feminicídio e poderá pegar pena de 12 a 30 anos de prisão. Até o momento, agentes colheram sete depoimentos.
Ameaças
Conhecidos e amigos de Ketley Estefany se sensibilizaram com o assassinato da jovem. Fernanda Silva, 17, está chocada com o assassinato. “Ela era uma menina muito maravilhosa, sem maldade na mente e não desejava o mal para ninguém. Estou muito triste com isso tudo. Tínhamos uma amizade especial”, ressaltou.
Segundo ela, Ketley se mudou para a Cidade Ocidental (GO) no ano passado para morar com uma tia, na região do Parque Nápolis. “Depois de alguns meses, ela voltou para a terra natal, para ficar com a mãe. Mas voltou para cá havia pouco tempo, depois que conheceu o ex-namorado. Conversamos pela última vez na quinta-feira da semana passada. Ela me contou que estava morando em Águas Lindas com o namorado, mas que queria voltar para a casa da tia, porque o Wanderson a estava ameaçando e ela sentia medo”, revelou.
A polícia ainda tenta detalhar os últimos passos da vítima no sábado, provável dia do crime. “A Ketley falou para uma amiga que iria para a casa de um tio, em Águas Lindas. Ela nunca foi de comentar os problemas pessoais comigo, mas eu sabia que havia algo de errado. A mãe dela ligava todos os dias para saber como estava, sempre preocupada”, disse.
Nas redes sociais, outros amigos de Ketley, da Bahia e de Goiás, também se mostraram indignados com o caso. Em uma das publicações, uma colega da jovem, moradora de Paratinga, escreveu: “Esse monstro matou e esquartejou a Ketley. Isso não pode ficar impune. A Justiça tem que ser feita. Cadeia é pouco”.
» Apoio às famílias das vítimas de feminicídio
Os deputados distritais que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio devem começar a visitar as famílias atingidas pelo crime. A medida foi definida durante reunião realizada nesta quinta-feira (23/1) e deve ser colocada em prática após o retorno das atividades parlamentares, em 4 de fevereiro. O objetivo é aproximar o Legislativo local da realidade das mulheres vítimas de violência em razão do gênero. Só em janeiro de 2020, o Distrito Federal contabiliza cinco mortes prováveis por feminicídio. No ano passado, foram 34 registros. Além das residências das famílias das vítimas, os deputados Claudio Abrantes (PDT), Arlete Sampaio (PT), Fábio Félix (PSOL) e Eduardo Pedrosa (PTC) farão visitas à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), ao Instituto de Medicina Legal (IML), à Assistência da Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid), ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e à Casa Abrigo. Também haverá reuniões com a Casa Civil e chefia de Assuntos Parlamentares.Onde pedir ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul
Telefone: 3207-6172
Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: 3910-1349 e 3910-1350