Correio Braziliense
postado em 23/01/2020 04:36
O silêncio marcou o sepultamento da empresária Fátima Bispo Lisboa, 31 anos, assassinada pelo ex-marido. Cerca de 50 pessoas compareceram à Capela 4 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, para dar o último adeus à vítima, na tarde de ontem. A mulher morreu na segunda-feira, após ser esfaqueada por Atevaldo Sobral Santos, 48, no Núcleo Bandeirante — existe a suspeita de o crime ter sido premeditado. O casal estava em processo de separação, e o homem se matou no mesmo dia do assassinato de Fátima. O velório dele ocorreu no mesmo local, no Templo Ecumênico. A Polícia Militar acompanhou as cerimônias para garantir a segurança.
A mãe de Fátima passou mal e foi amparada pelos familiares. Os filhos da mulher, duas meninas de 12 e 9 anos, e um menino de 6, não compareceram à cerimônia. O pai das garotas, o empresário Anderson da Silva Santos, 40, descreveu Fátima como mãe dedicada. “Ela era presente na vida dos filhos e fazia tudo por eles. Separamo-nos pelas nossas diferenças, mas a Fátima era uma pessoa maravilhosa. Onde ela chegava trazia alegria. Ela gostava de aproveitar a vida, de sair e estar acompanhada das amigas. Essa tragédia é uma perda muito grande para mim, mas especialmente para as crianças, que ficaram órfãos”, lamentou o morador de Águas Claras, que ficou casado por seis anos com a mulher.
As filhas de Fátima estudavam no Núcleo Bandeirante, próximo ao apartamento dela. Por isso, Anderson decidiu mudar as garotas de colégio. “Elas sabem que a mãe foi assassinada pelo ex-marido. Então, não quero que elas fiquem lidando com isso a cada momento. Elas precisam de apoio e ajuda para superar o que passaram. Por isso, também estou providenciando um tratamento psicológico. Não consigo entender como alguém pode se sentir no direito de tirar a vida de outra pessoa”, acrescentou Anderson.
Abalada, a empresária Alenice Bispo, 29, prima de Fátima, afirmou que a família estranhava as atitudes de Atevaldo. “Ela não dava detalhes da vida íntima, mas sabíamos que ele não era quem dizia ser. Desde o fim do ano passado, a minha prima se mostrava infeliz com o relacionamento, que ia de mal a pior. Ela desconfiava de traição. Por querer o melhor para a Fátima, apoiei a decisão de ela se separar, em dezembro”, disse.
Fátima mudou-se da residência onde morava com o ex-marido, no Riacho Fundo 1, para um prédio no Núcleo Bandeirante, no fim de semana. Na segunda-feira, ela foi assassinada a facadas. O delegado Rafael Ferreira Bernardino, chefe da 19ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), investiga se o ataque foi premeditado e busca imagens da região para traçar a cronologia do feminicídio. “O crime é bastante recente e, nesta primeira fase de apuração, confirmamos que Atevaldo cometeu o crime e, depois, tirou a própria vida. Agora, trabalhamos para entender a motivação e se ele arquitetou a ação”, detalhou.
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