A 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) investiga o assassinato de uma garota de programa transexual, de 36 anos. A vítima, Ana Clara Lima, conhecida como Júlia, morreu após levar uma facada no abdômen, na madrugada de ontem, na 509 Norte. Uma amiga dela, de 29, também ficou ferida, após ser golpeada no braço. O suspeito, identificado pelo apelido Coruja, 51, é procurado pelo homicídio.
Segundo o delegado Bruno Santos, adjunto da 2ª DP, o acusado mora na Asa Norte e é cliente de garotas de programas. “Ele circula frequentemente pelo local e contrata as mulheres. Quando está sem dinheiro e elas não aceitam realizar o trabalho de graça, ou fiado, o suspeito reage com agressões verbais. Trata-se de uma pessoa problemática, que se envolve em confusões”, afirmou.
Coruja e Júlia se conheciam, pois a vítima também trabalha na região. Inclusive haviam se envolvido em uma briga anterior. “Testemunhas nos informaram que eles tinham esse desentendimento. Na ocasião, o homem chegou a jogar pedras no carro da mulher. Portanto, a situação entre eles é antiga, não surgiu no dia do crime. Agora, estamos trabalhando para identificar o motivo dos desentendimentos”, destacou Bruno.
Na madrugada do crime, Júlia trabalhava na 709. Quando ela se arrumava para ir embora, viu o acusado, a pé, na 509. A mulher, acompanhada da amiga, atravessou a W3 Norte, como registrado em câmeras de segurança da região. O material foi recolhido pela 2ª DP e passa por análise. Os equipamentos, porém, não filmaram o momento do assassinato. “Acreditamos que a vítima foi tirar satisfações com o suspeito por causa desse outro desentendimento. Eles entraram em luta corporal, mas o acusado estava com uma faca e a golpeou. Isso não ficou registrado em vídeo. Só é possível ver as mulheres retornando do local do crime, feridas”, detalhou o investigador.
Estupro
As vítimas foram socorridas ao Hospital de Base, mas Júlia não resistiu. A amiga dela, após receber atendimento médico, prestou esclarecimentos sobre o caso à 2ª DP. A unidade representará pela prisão temporária do acusado na Justiça. “Precisamos elucidar algumas nuances do crime, como a motivação. Ainda há peças que precisam ser encaixadas”, acrescentou Bruno.
Coruja tem passagem na polícia por furto e estelionato. Também consta na ficha dele ocorrência por falsidade ideológica e pelo estupro de uma garota de programa. “São inquéritos que estão espalhados pelo Distrito Federal. No caso do abuso sexual, por exemplo, ele argumentou que não poderia cometer o crime contra a vítima por causa da profissão dela”, disse o investigador.
Questionado se o crime poderia se encaixar no crime de feminicídio, o delegado ressaltou que “uma mulher trans pode, sim, ser vítima por preconceito de gênero. Porém este caso não se enquadra na hipótese, pois o assassinato ocorreu em decorrência de uma briga entre vítima e autor anterior”.
Memória
Perseguição e assassinato
Em 26 de janeiro de 2017, Agatha Lios, 22 anos, foi morta a facadas, chutes e socos na Agência de Distribuição dos Correios de Taguatinga. Conforme apuração da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual, Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), o crime foi motivado por uma disputa de ponto de prostituição e porque a vítima chamava a atenção de possíveis clientes por causa da beleza. Câmeras de segurança dos Correios (foto) filmaram o momento em que Agatha sofreu o ataque. Ela apareceu correndo, sendo perseguida por quatro transexuais. Após o homicídio, as acusadas deixaram o Distrito Federal. Carol e Lohanny foram presas em 18 de julho de 2017 no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus. Bruna acabou detida na Freguesia do Ó, em São Paulo, em 3 de maio de 2018. Em 19 de julho do ano passado, a polícia deteve a última suspeita, Samira, em Goiânia (GO). Todas respondem por homicídio qualificado, pela impossibilidade de defesa da vítima. Se condenadas, podem cumprir pena de 12 a 30 anos de prisão.
Memória
Perseguição e assassinato
Em 26 de janeiro de 2017, Agatha Lios, 22 anos, foi morta a facadas, chutes e socos na Agência de Distribuição dos Correios de Taguatinga. Conforme apuração da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual, Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), o crime foi motivado por uma disputa de ponto de prostituição e porque a vítima chamava a atenção de possíveis clientes por causa da beleza. Câmeras de segurança dos Correios (foto) filmaram o momento em que Agatha sofreu o ataque. Ela apareceu correndo, sendo perseguida por quatro transexuais. Após o homicídio, as acusadas deixaram o Distrito Federal. Carol e Lohanny foram presas em 18 de julho de 2017 no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus. Bruna acabou detida na Freguesia do Ó, em São Paulo, em 3 de maio de 2018. Em 19 de julho do ano passado, a polícia deteve a última suspeita, Samira, em Goiânia (GO). Todas respondem por homicídio qualificado, pela impossibilidade de defesa da vítima. Se condenadas, podem cumprir pena de 12 a 30 anos de prisão.