Cidades

Morte para ocultar provas

Preso preventivamente, suspeito de assassinar diarista tinha, segundo a polícia, relacionamento extraconjugal com a vítima havia dois meses. Além de matá-la, ateou fogo a partes do corpo e a roupas da jovem



A polícia prendeu preventivamente ontem o suspeito de assassinar a diarista Larissa Francisco Maciel, 23 anos. Segundo a investigação da 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), o acusado, de 20 anos, mantinha um relacionamento extraconjugal com a vítima havia cerca de dois meses — o nome dele é mantido em sigilo. A mulher morreu em 6 de janeiro, na tenda de uma igreja evangélica, na QE 4 da Candangolândia.

Os agentes chegaram ao suspeito por meio de análise de imagens de câmeras de segurança da região, além de testemunhas e denúncias anônimas. No total, seis pessoas prestaram depoimento na delegacia. Contudo, duas delas foram cruciais para que o acusado fosse identificado. Com as provas coletadas, os policiais representaram pela prisão na Justiça. Ele foi detido no trabalho, localizado na Candangolândia.

Além do suspeito, os agentes confirmaram que Larissa esteve com amigos no posto de gasolina na QE 5, na madrugada do crime, da 0h às 5h. Não foi informado se o homem preso pelo crime também participou do encontro. No entanto, o delegado Rafael Ferreira Bernardino, chefe da 11ª DP, esclareceu que a diarista deixou o comércio acompanhada. “Do estabelecimento, Larissa saiu com o acusado. Como eles saíam há um tempo, havia uma relação de confiança. Por isso, podemos confirmar que a vítima seguiu até a tenda por vontade própria. O espaço é usado por usuários de drogas, moradores de rua em busca de abrigo, assim como por pessoas que pretendem manter relações sexuais. Isso ocorre porque o lugar tem certa privacidade e não é de difícil acesso”, explicou.

O delegado não deu detalhes sobre a motivação do assassinato e limitou-se a informar que “havia um problema dentro do relacionamento deles, pois o acusado é casado.” A dinâmica do crime também não foi detalhada pelo investigador. No entanto, informações preliminares do laudo cadavérico, produzido pelo Instituto de Medicina Legal (IML), indicou que Larissa morreu por esganadura, sofreu um golpe na cabeça, além de ter as roupas e partes do corpo queimados.

Feminicídio

Quanto à carbonização parcial do corpo, Rafael destacou que, depois do assassinato, o suspeito seguiu até um posto de gasolina da região, onde comprou um litro de gasolina. “Ele utilizou o combustível para incendiar partes específicas da vítima. Acreditamos que o objetivo dele era, sim, ocultar provas que pudessem levar até ele. Se houve abuso sexual ou não, isso só poderá ser confirmado mediante perícia”, acrescentou o delegado.

Por enquanto, o acusado responde por homicídio, com qualificadora de feminicídio. No entanto, como o inquérito da 11ª DP não foi concluído, o suspeito pode responder por outros delitos. Ele deve ser encaminhado do Departamento de Controle e Custódia de Presos (DCCP), no Complexo da Polícia Civil, para o Complexo Penitenciário da Papuda, onde aguardará preso até o julgamento.


"Ele utilizou o combustível para incendiar partes específicas da vítima.
Acreditamos que o objetivo dele era, sim, cultar provas que pudessem levar até ele.
Se houve abuso sexual 
ou não, isso só poderá ser confirmado mediante perícia”

Rafael Ferreira Bernardino,
delegado