Cidades

Brasilienses reclamam de aumento do preço das passagens: falta qualidade

Reajuste de 10% começou nesta segunda-feira (13/1) em todo o DF. População reclama de novos valores, e pensamento é unânime: a qualidade do serviço não vale o aumento

Correio Braziliense
postado em 13/01/2020 11:21
Mudança no transporte começou a valer nesta segunda-feira (13/1). Passageiros que pegaram o transporte na rodoviária pedem por melhorias na qualidade e circulaçãoNo primeiro dia dos novos valores de passagens de transporte no Distrito Federal, a opinião contrária em relação ao aumento tomou conta da Rodoviária de Brasília. Moradores de diferentes cidades do DF se colocam contrários ao reajuste de 10% feito em todos os tipos de trajeto de ônibus e do metrô. Os trechos que custavam R$ 5 passaram para R$ 5,50. Ônibus de R$ 3,50 agora custam R$ 3,85.

A diarista Miriam Ribeiro, 54 anos, foi uma das que tiveram prejuízo ao utilizar o transporte público nesta segunda-feira. Moradora do Itapõa, ela precisa pegar dois ônibus para chegar ao Guará, e mais dois para voltar. Por trabalhar com diárias, o novo aumento acabou saindo do próprio bolso e ainda foi maior neste primeiro dia por ela ter precisado levar o filho, Isac Nascimento, 9, com ela para o serviço. 

"Achei o aumento um absurdo. Eu não consigo arcar com ele, então vou ser obrigada a reajustar o que cobro do meu serviço. O problema é que nem todo empregador entende", relata. "Sem falar na qualidade do transporte. Só tem ônibus cheio. Não tem um que eu pego e consigo ir sentada. Hoje mesmo vim em pé, com meu filho, pequeno em pé. Pessoas empurrando dentro do ônibus, é muito incômodo. Sem falar que, quando o ônibus quebra, a gente precisa ficar correndo para entrar em outros que já estão lotados, chega a ser humilhante", completa.

Seldilene Duarte, 41, também se colocou contra o ajuste, e considera que a medida não é necessária para a população. "É desnecessário ter aumento, e vai dificultar muito a vida das pessoas. R$ 0,50 já faz diferença no orçamento familiar", compartilha a cabelereira que mora em São Sebastião.

A dona de casa Ivanilde Braga relata que a população também precisa de aumento da renda para dar conta dos reajustes: A mesma dificuldade com o aumento do transporte é citada pela dona de casa Ivanilde Braga, 50. Moradora do Recanto das Emas, ela ainda destaca a falta de compatibilidade do aumento das tarifas com o valor do salário mínimo. "A passagem aumenta, mas o salário, não. E a qualidade do transporte não condiz. Eu até consigo pegar ônibus vazios, mas têm pessoas que reclamam de lotação e é normal o ônibus quebrar no meio do caminho", diz. 

O aumento tarifário também trouxe questionamentos relacionados à frequência do transporte. A moradora do Guará Anranir Costa, 55, reclama do novo preço frente à diminuição da frota por causa do período das férias escolares.

"Eu já fiquei 45 minutos esperando para conseguir vir do Guará até a Rodovíaria e o ônibus ainda veio lotado. É um aburdo essa mudança, porque a qualidade não melhora, mesmo durante as férias. A gente sabe que o Governo do Distrito Federal (GDF) repassa um valor alto para o transporte. Então se vamos pagar mais, tem que ter mudanças", opina.

Protesto

O Movimento Passe Livre (MPL) organiza uma manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus na capital federal. O protesto está marcado para terça-feira (14/1), às 18h, na Praça do Índio (703/704 Sul). No Facebook, o evento contava com 730 confirmados e mais de 1,5 mil interessados até o fechamento desta edição.

O último reajuste nas passagens de ônibus em Brasília ocorreu em 2017. As tarifas nas linhas internas subiram de R$ 2,25 para R$ 2,50 (nas de ligação curta), de R$ 3 para R$ 3,50 (circulares) e de R$ 4 para R$ 5 nas viagens de longa distância, integração e metrô. 
 

Novos preços

. As 826 linhas de ônibus tiveram reajuste. No caso das circulares internas, a mudança foi de R$ 2,50 para R$ 2,75, já as de ligações curtas, de R$ 3,50 para R$ 3,85. Os de longa ligação, opções de integração, e o metrô, passaram a custar R$ 5,50. Antes, o valor deles era R$ 5. 

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader

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