Cidades

Conselheiros tomam posse



Ser responsável por zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes, acompanhar o cotidiano de menores em situação de risco e contribuir em medidas de proteção desse grupo. Essas são as obrigações dos 200 conselheiros tutelares eleitos em outubro de 2019. Eles tomaram posse do cargo na manhã de ontem, no Museu da República, e ficarão como responsáveis pela juventude nas regiões administrativas do Distrito Federal até 2023.

Desde a divulgação do resultado do processo eleitoral, no ano passado, os novos conselheiros e os 220 suplentes passaram por um curso de formação. Eles receberam a orientação de trabalho nas instâncias judiciais do DF com as quais terão contato, como o Ministério Público, Defensoria Pública e as Varas da Infância e da Adolescência.

Conselheira reeleita, Amanda Lima, 34 anos, atua em Ceilândia. A pedagoga afirma que foi surpreendida pela intensidade do trabalho quando assumiu o posto. “Eu tinha muita teoria, mas lidar com todos os problemas na prática foi muito diferente”, diz.

De acordo com as experiências vivenciadas por ela, os problemas mais comuns estão relacionados a situações de abuso institucional e sexual. A conselheira espera lidar com os temas e desenvolver um trabalho direcionado para as famílias das crianças. “Tudo começa no lar. Quando a gente ajuda mais nesses aspectos, os resultados são melhores.”

Atuando na área pela primeira vez, o conselheiro eleito em Samambaia Alexsander Damião, 44, decidiu concorrer ao cargo para “poder defender e cuidar do próximo”. Segundo o gestor em recursos humanos, essas características são uma carência na região de Samambaia Sul: “Moro na cidade há mais de 20 anos, e sempre defendi trabalhos sociais. Gosto de defender, levar para frente quem está sendo deixado para trás”.

O mesmo desejo em contribuir com uma sociedade melhor é apresentado pelo conselheiro mais novo eleito no processo. Com 23 anos, Lucas Andrade foi também o mais votado do Guará na primeira vez em que concorreu, com 474 votos. O cientista da computação defende que no trabalho é necessário “ter amor à causa, e ver a necessidade das pessoas que precisam”. Lucas espera, animado, pelos próximos quatro anos: “Quero fazer um gesto de amor, empenho e responsabilidade”.

Contribuição social
Para a subsecretária de Políticas para Crianças e Adolescentes, Adriana Faria, o trabalho dos conselheiros tende a ser melhor que nos anos anteriores, devido à maior participação da população na escolha dos eleitos e de uma formação mais aprofundada dos que foram selecionados. “A gente teve um processo que deu um salto de qualidade, e acreditamos ter um perfil de conselheiro que atende mais o que precisamos para as crianças e os adolescentes”, diz.

O governador em exercício, Paco Britto (Avante), reforçou a importância do trabalho dos eleitos para a sociedade. “O conselheiro é a extensão do governo. É uma responsabilidade muito grande sobre a infância”, declara.

Para executar o trabalho, os conselheiros dispõem de um mandato de quatro anos, e recebem, mensalmente, R$ 4.684,66, além de benefícios trabalhistas, como férias e 13º salário. Antes da formação e do processo eleitoral, eles precisaram ser aprovados em uma prova de conhecimentos sobre a função, além de terem comprovada aptidão ao cargo.

* Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão