O início do ano letivo costuma movimentar o comércio do Distrito Federal. Desde o fim de 2019, o número de clientes cresce em papelarias e livrarias. Entretanto, o preço, principalmente dos livros didáticos, intimida o brasiliense. Aqueles que procuram economizar um pouco mais encontram nos livros usados uma saída para poupar dinheiro e reaproveitar o material. Por isso, os sebos são alvo de muitos consumidores.
Segundo Aritana Rodrigues, vendedora de um sebo em Taguatinga, conta que, por causa do pagamento do 13° salário, a movimentação de pessoas no estabelecimento cresceu desde novembro. “Temos procura o ano inteiro, não apenas dos didáticos, mas dos literários também. Porém, até março, os clientes devem vir mais”, afirma. O lugar recebe doações das obras, além de comprar e vender os itens usados por estudantes em anos anteriores.
De acordo com Aritana, um livro de segunda mão pode custar até menos da metade do valor de mercado. “Neste ano, por exemplo, temos didáticos que custam R$ 200 nas livrarias. Aqui, você encontra por R$ 80. É uma grande economia”, garante. De acordo com ela, a clientela adepta a itens usados cresce a cada ano e é de regiões diversas. “Temos clientes que vêm de Sobradinho, Brazlândia e até do Entorno, como Valparaíso (GO) e Cidade Ocidental (GO)”, exemplifica.
Na tentativa de economizar, a pedagoga Gislene Batista, 45 anos, comenta que, neste ano, vai à procura de livros usados para a filha. “Minha menina saiu do sétimo para o oitavo ano. Conseguimos comprar três obras, mas ainda estamos tentando vender as do ano passado. Já temos a de gramática, um livro paradidático e um dicionário”, detalha. Ela ressalta que os didáticos são os mais difíceis de encontrar, mas que geram uma boa economia. “Se eu fosse comprar tudo novo, gastaria cerca de R$ 2,5 mil. Até agora, comprei três livros por R$ 100, e o restante que falta deve sair por bem menos do que o orçamento padrão”, prevê. Ela opina que os pais devem incentivar os filhos a conservarem os livros, para que outras pessoas possam usar.
Ressalvas
O Sindicato de Papelarias e Livrarias do DF (Sindipel) recomenda os sebos como uma alternativa para economizar. Entretanto, o presidente da entidade, José Aparecido da Costa Freire, destaca que os consumidores devem ficar atentos para não comprarem o material errado. “A edição sempre deve ser verificada. Os livros podem ser reformulados, e capítulos são inseridos. Quem opta por livros antigos corre o risco de ter de comprar novamente.”
Outra dica é os pais olharem a capa, porque ela sempre é atualizada quando ocorrem reformulações. Quem compra na internet deve dobrar a atenção, porque os sites podem não mudar o material. “São cuidados necessários que os pais precisam ter. Livros didáticos são produtos caros, e o pai ter que comprar duas vezes é muito doloroso”, informa José Aparecido.
Quem trabalha em sebos também precisa ficar alerta na hora da comercialização do material. Helena Alves é dona de um quiosque de livros usados em Taguatinga. De acordo com ela, na hora da compra e das doações, a edição do livro sempre é verificada para que não ocorram erros. “Já temos muita gente procurando nosso comércio desde dezembro. A expectativa é de que as vendas aumentem ainda mais até março”, diz.
Incremento no ramo de papelarias
Em 2020, o Sindipel destaca que um dos grandes incrementos no comércio de papelarias do Distrito Federal será ocasionado pelo Cartão Material Escolar. O benefício deve injetar cerca de
R$ 20 milhões nos estabelecimentos da capital. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do DF, responsável pelo benefício, o número de pais contemplados com o item passou de 65 mil em 2019 para 80 mil neste ano. “Isso simboliza que, apenas com esse recurso, ocorrerá o crescimento de 21% no valor gasto com material escolar”, informa José Aparecido.
Além do cartão, o presidente do Sindipel estima que o crescimento real do mercado de materiais escolares no Distrito Federal deve ser de 5% em 2020. “Fizemos pesquisas e avaliamos o mês anterior, que é quando começa o período de compra letiva. Ele termina em fevereiro, e a expectativa de crescimento até a data está muito positiva”, acredita.
Sobre os preços dos materiais neste ano, o sindicato esclarece que, como a inflação estava baixa, os valores terão reajuste de 3% a 3,5%. “É uma correção muito baixa. Porém, alguns produtos importados, em função da variação cambial, podem ficar um pouco mais caros, principalmente para quem comprou no fim do ano”, afirma. Para economizar, José Aparecido orienta que os pais façam ao menos três orçamentos e não deixem para a última hora, porque o excesso de demanda pode impactar nos preços.
Gerente de uma papelaria em Taguatinga, Zenaide Pereira Silva, 61, também conta com o incremento do Cartão Material Escolar para aquecer as vendas. De acordo com ela, mesmo que o benefício ainda não tenha sido pago, os pais já começaram as compras desde novembro, após o pagamento da primeira parcela do 13° salário. “Algumas pessoas que viajam preferem já deixar as compras adiantadas. A nossa expectativa é positiva, e a tendência é de que o movimento cresça ainda mais”, garante.
Até R$ 320
Estudantes de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família têm direito a um cartão para compra de material escolar de até R$ 320, a depender do nível de ensino. Empresários que desejam se habilitar no programa devem se registrar até esta sexta-feira. O credenciamento é feito no Simplifica PJ, QI 19, Lotes 28 a 32, em Taguatinga.