Além da mudança de escola, os estudantes que vão ingressar no primeiro ano no Centro de Ensino Médio 1 (CEM 1) de Brazlândia enfrentam um novo desafio: uma vaga no período da manhã. Dos 406 alunos transferidos para a instituição, apenas 170 ficarão no turno matutino. Para garantir a preferência, pais e responsáveis fazem fila e acampam em frente à escola desde o último domingo. Na tarde de ontem, o grupo com cerca de 200 pessoas foi transferido para o Ginásio de Esporte Espelho D’Água, que fica próximo ao colégio.
De acordo com a Coordenação Regional de Ensino de Brazlândia, o abrigo aos pais foi ofertado para atender a uma demanda deles, que estavam debaixo de chuva. Dois vigilantes e uma equipe do Batalhão Escolar da Polícia Militar fizeram a segurança do local durante a noite. O atendimento na secretaria da escola será aberto para a confirmação das vagas a partir das 7h30 de hoje. Por ordem de chegada, os responsáveis poderão efetuar a matrícula e escolher em qual turno o aluno vai estudar.
O diretor do Centro de Ensino Médio 1 de Brazlândia, Vinícios Mota, conta que a preferência pelo período matutino é recorrente. “Parece que se tornou uma questão cultural criar essa fila todo ano. Estou na direção desde 2014, e essa questão se repete anualmente. Já tentamos outras alternativas, entregando senhas, mas, na hora, a própria comunidade contesta o modelo”, afirma.
Por ser a única escola da região com turmas de primeiro ano no período da manhã, a disputa ainda é maior. Questionado pela equipe de reportagem do Correio, a Regional de Ensino de Brazlândia estuda uma alternativa para ampliar a oferta também no Centro de Ensino Médio 2. No entanto, a escolha das divisões das turmas e dos turnos fica a cargo de cada colégio.
Em nota, a Secretaria de Educação orienta que pais e responsáveis não formem fila na porta de escola, pois as vagas estão garantidas. O período de hoje a 14 de janeiro é apenas para a confirmação das matrículas. A alteração dos turnos pode ser feita depois. Ao todo, serão ofertadas 12 turmas de primeiro ano no Centro de Ensino Médio 1 de Brazlândia. Dessas, cinco são no turno matutino; sete, no vespertino.
Ficha e chamada
Para lidar com o tempo de espera, muitos levaram barracas e mantimentos. Os próprios pais e estudantes estavam organizando a ordem de chegada. Para cada pessoa que chegava, era entregue uma ficha com um número. A cada três horas, uma chamada era feita, e os que não respondiam perdiam a posição.
O vigilante David Nunes, 40 anos, está na fila desde as 15h de domingo. Ele conta que, quando chegou ao colégio, havia 175 pessoas na frente. “Dez pessoas desistiram, e eu vou conseguir colocar o meu filho no turno da manhã”, comemora. De acordo com ele, a escolha foi por uma questão de rotina. “Eu tenho dois filhos que sempre estudaram de manhã. Eu e minha esposa trabalhamos e, se não conseguirmos a vaga, vamos ter que procurar condução e readequar a rotina da casa”, relata.
A dona de casa Adenilde dos Santos, 37, está preocupada, porque o filho dela trabalha à tarde e precisaria ficar no turno matutino. “Se meu filho não conseguir a vaga de manhã, ele vai ter que conversar com os patrões dele para saber como vai ser feito.”
* Estagiário sob supervisão de Marina Mercante