“Não existe mágica (para se livrar das dívidas). Existe trabalho. Há um componente muito importante em relação a dívidas ou finanças, que é o comportamento do indivíduo, do casal, da família. Uma pessoa endividada está envolvida emocionalmente com aquilo. Acima de tudo, é importantíssimo que conheçamos onde estamos: para quem devemos, quanto, por quanto tempo, quanto ganho, quais são minhas despesas mensais... Se sobra dinheiro para mim, começo a resolver minhas dívidas, buscar meus credores, pagar financiamento, reduzir as taxas de juros, várias estratégias.
Se o meu orçamento não está equilibrado, é importante analisar o que vale a pena ficar: serviços de streaming contratado, pagamento da mensalidade do clube. Será que faz sentido estar em um restaurante todo fim de semana? Não é fácil fazer isso. E acho que esse é o grande desafio de quem está endividado. É raro essas dívidas surgirem por algum imprevisto, como uma doença. É muito mais comum surgir por consumo descontrolado. É uma realidade dura. E essas pessoas geralmente não dormem, têm problemas de relacionamento, sentem-se sozinhas. Não costumamos falar para vizinho, parentes, chefes.
É preciso fazer cortes rápidos, pela raiz. O processo de (lidar com a) dívida requer disciplina. É muito importante ser cirúrgico, inicialmente, para conseguir resultados rápidos e acabar com esse ciclo que se retroalimenta. O resultado positivo traz ânimo para ficar no espírito de se manter (em dia com as finanças).”
Renata Fontes, planejadora
financeira da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar)