Jéssica Eufrásio
postado em 24/12/2019 18:00
Para o novo delegado à frente do caso, Ricardo Viana, chefe da 3; Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho), o caso de possível feminicídio, descoberto na segunda-feira (23/12) no Sudoeste Econômico, tratou-se de uma ação "cruel, hedionda, repugnante e covarde".
Alan Fabiano Pinto de Jesus, 45 anos, é considerado o principal suspeito de assassinar a servidora terceirizada do Tribunal do Superior Eleitoral (TSE) Luciana de Melo Ferreira, 49. Ele está internado no Hospital de Base, sob escolta policial, depois de ser preso em flagrante. O vigilante deu entrada na instituição após suspeita de sofrer uma crise nervosa.
De acordo com o delegado Ricardo Viana, a ação foi premeditada e há fortes indícios que associam o vigilante ao crime. "De sábado (21/12) até segunda-feira (23/12), só uma pessoa teve acesso a ela (Luciana) e ficou notório que era o Alan. (...) Depois disso, ela não foi mais vista saindo do prédio", afirma Ricardo.
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O corpo de Luciana foi encontrado com 40 perfurações, produzidas por um objeto pequeno. A arma usada para matá-la ainda não foi encontrada. A polícia faz buscas na casa onde Alan morava, no Sol Nascente, para ver se encontra pertences de Luciana levados pelo suspeito de cometer o crime.
Internação
No domingo, Alan chegou a ir para o trabalho, no Ministério da Economia. No entanto, na segunda-feira (23/12), ele deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) após suspeita de crise nervosa. No mesmo dia, o vigilante acabou transferido para o Hospital de Base, onde recebeu voz de prisão.
Ele apresenta machuados pelo corpo e micro lesões no cérebro que dão indícios de um traumatismo crânio-encefálico. Em vídeo divulgado pela Polícia Militar, ele é questionado sobre o crime e sobre o relacionamento com Luciana, mas não respondeu as perguntas nem aparentava estar ciente do fato.
"A Luciana lutou para não morrer. Não sabemos se as lesões do Alan resultaram disso ou de alguma tentativa de suicídio. Ele está muito aéreo, não sabe por que está lá e desconversa", detalha o delegado Ricardo Viana.
Apesar disso, o suspeito será colocado à disposição da Justiça para audiência de custódia. Ele deve ser denunciado por homicídio qualificado como feminicídio.
"A Luciana lutou para não morrer. Não sabemos se as lesões do Alan resultaram disso ou de alguma tentativa de suicídio. Ele está muito aéreo, não sabe por que está lá e desconversa", detalha o delegado Ricardo Viana.
Apesar disso, o suspeito será colocado à disposição da Justiça para audiência de custódia. Ele deve ser denunciado por homicídio qualificado como feminicídio.
Relacionamento
Luciana e Alan começaram a se relacionar no início deste ano. A polícia ainda investiga como os dois se conheceram, mas há relatos de que ele teria deixado mulher e filhos para ficar com a vítima.
Após perceber o comportamento agressivo do companheiro, Luciana buscou ajuda. Em outubro, ela registrou um boletim de ocorrência depois de Alan tentar bater o carro contra uma árvore. Ela estava no veículo com ele e havia dito que queria terminar o relacionamento. Quando se deu conta da manobra, Luciana conseguiu saltar do carro em movimento e fugir.
Alan ficou preso durante três dias, mas acabou liberado, sob condição de manter distância da vítima e de usar tornozeleira eletrônica. Entretanto, essa medida protetiva foi revogada pela Justiça em 4 de dezembro.
Alan ficou preso durante três dias, mas acabou liberado, sob condição de manter distância da vítima e de usar tornozeleira eletrônica. Entretanto, essa medida protetiva foi revogada pela Justiça em 4 de dezembro.
Na última semana, o suspeito deixou um bilhete para Luciana, colado no vidro do carro dela. Desde terça-feira (17/12), ele voltou a fazer contato com a vítima e escreveu o recado pedindo para que ela falasse com ele por WhatsApp. A moradora do Sudoeste sentiu-se intimidada e com medo, por isso, não respondeu.
O crime
Imagens das câmeras de segurança do prédio em que Luciana morava mostram que o acusado chegou ao apartamento da vítima, localizado no Sudoeste Econômico, pelo menos duas horas antes do crime.
Ele entrou no edifício às 20h31 e conseguiu abrir portaria com uma senha. Alan vestia uma blusa escura com capuz e calça laranja. Duas horas mais tarde, às 22h32, Luciana entra no prédio. Enquanto isso, o suspeito esperava escondido nas escadas que dão acesso ao terraço do prédio e monitorava a movimentação dos moradores.
Depois de Luciana passar, o suspeito vai até o apartamento da vítima e, 17 minutos mais tarde, aparece nas imagens deixando o prédio com uma bolsa de cor escura e sem encostar na fechadura da portaria. Para a polícia, ele tentou simular um roubo seguido de morte.
Ele entrou no edifício às 20h31 e conseguiu abrir portaria com uma senha. Alan vestia uma blusa escura com capuz e calça laranja. Duas horas mais tarde, às 22h32, Luciana entra no prédio. Enquanto isso, o suspeito esperava escondido nas escadas que dão acesso ao terraço do prédio e monitorava a movimentação dos moradores.
Depois de Luciana passar, o suspeito vai até o apartamento da vítima e, 17 minutos mais tarde, aparece nas imagens deixando o prédio com uma bolsa de cor escura e sem encostar na fechadura da portaria. Para a polícia, ele tentou simular um roubo seguido de morte.
Ainda não há previsão de liberação do corpo de Luciana pelo Instituto de Medicina Legal (IML).