O primeiro dia do verão teve registro de chuva forte e rajadas de vento de mais de 40 km/h em Águas Claras, Ceilândia, Samambaia e Taguatinga. A Defesa Civil emitiu um alerta para a população sobre queda de árvores e possíveis exposições de fios elétricos. A Companhia Energética de Brasília (CEB) informou que seis circuitos das Subestações Ceilândia Sul e Norte foram afetadas pelo temporal, que derrubou postes e lançou árvores nas redes. Ao todo, 23.503 residências tiveram queda de energia.
De acordo com a meteorologista Naiane Araújo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tempestade de ontem dá uma noção de como será a estação que se inicia. ;No momento da chuva estava muito quente e muito úmido, o que favorece a criação dessas áreas de instabilidade. Esse cenário é bastante comum no verão, e, pelo menos nesta semana de Natal, a previsão é de que pancadas de chuva semelhantes atinjam o DF;, esclareceu.
O temporal foi registrado pela estação meteorológica do Gama e teve duração de aproximadamente duas horas. Foram 17,6 mm de chuva entre 14h e 16h. Com isso, o DF está perto de atingir a média esperada do mês de 241 mm derramados. Até agora, foram 234 mm.
A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia teve parte da fachada destruída. O atendimento foi limitado a casos graves. O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) orientou os demais pacientes a procurarem outras UPAs. Segundo o instituto, uma equipe de manutenção realizaria os reparos na tarde de ontem.
Também na região administrativa, árvores caídas, outdoors dobrados ou derrubados e comércios destelhados ou com a fachada danificada eram imagens frequentes. Esmael Santos, 36 anos, passava na frente da casa de um amigo, na QNN 17, quando viu que tanto o toldo da parte externa quanto o da parte interna tinham caído. ;Liguei pra ele na mesma hora. Graças a Deus não tinha ninguém em casa;, comentou. No local, além da residência do amigo de Esmael, funciona um espetinho no período da noite. ;Com certeza, o prejuízo é de mais de R$ 10 mil. Além dos toldos e das estruturas, algumas telhas foram danificadas;, acrescentou.
Morador do Condomínio Privê, no Setor O de Ceilândia, Bruno Vieira, 60, almoçou à luz de velas com a família ontem. Após uma forte chuva, de aproximadamente 30 minutos, a energia da residência acabou. ;Foi uma tempestade muito forte, com muito vento e granizo. Nunca tinha visto algo assim;, descreveu. Passada a tempestade, o morador foi até a central de energia próximo à BR-070 verificar a situação do local, já que na última ocorrência de precipitação havia pegado fogo. ;Aqui perto tem uma erosão e, de imediato, vim ver como estava. Encontrei três pontos de energia caídos;, contou.
Susto
No Setor P, as vizinhas Ana Lima de Souza, 65, e Maria Luiza Araújo, 63, além do susto com a forte tempestade e com o granizo que nunca tinham visto na região, tiveram os telhados das casas quebrados. Ao que tudo indica, pedaços de telha e da caixa d;água de um outro morador vizinho se desprenderam com a chuva e caíram nas residências das duas mulheres. Na de Ana Lima, uma sala e um quarto foram atingidos; no caso de Maria Luiza, foram dois quartos. Colchões, camas, armários, roupas, sofá e até um computador ficaram molhados. ;Foi um barulho muito alto. Estava lavando a roupa e levei um susto enorme. Agora, meus filhos e vizinhos vieram me ajudar a tirar as telhas danificadas e colocar algo para tampar;, relata Ana.
Outros moradores de Ceilândia também registraram a formação de granizo. Segundo explicação da meteorologista Naiane Araújo, a formação de nuvens cumulonimbus, como são chamadas as nuvens capazes de produzir as pedras de gelo, é outra característica da largada do verão. ;São nuvens muito desenvolvidas verticalmente. O topo delas chega a atingir 15 km acima da atmosfera. Como lá em cima é muito frio e aqui está quente, essas nuvens possuem rajadas de vento dentro delas que fazem com que as pedras de gelo caiam na forma de granizo, como conhecemos;, explica.
Até o fechamento desta edição, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros Militar ainda não tinham contabilizado o número de ocorrências devido à forte chuva.