Jornal Correio Braziliense

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Fogo em casa atinge criança

Garoto de 4 anos teve 95% do corpo queimado pelas chamas que destruíram uma casa, ontem. Outras duas pessoas estavam no local e foram atendidas pelos bombeiros e pelo Samu. Ainda não se sabe a causa do incêndio

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O Corpo de Bombeiros aguarda o resultado da perícia para apontar as causas do incêndio que queimou 95% do corpo de um garoto de 4 anos, na Estrutural. Alex Pereira estava em uma casa, na Quadra 1, com três pessoas. Ficou em estado grave e foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele é filho de uma amiga da dona da casa e ficava no imóvel enquanto a mãe trabalhava. Os outros dois moradores também precisaram de atendimento médico por causa da fumaça. Asmática, Maria de Lourdes Pereira, 64, apresentou dificuldades para respirar, foi atendida pelos bombeiros e seguiu para o Hran. O filho dela, Samuel Pereira, 21, recebeu os primeiros socorros e recusou transporte à unidade de saúde.

O fogo começou por volta das 7h. Além do Corpo de Bombeiros, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atuou na ocorrência. Mais de 20 profissionais auxiliaram no combate às chamas e no atendimento às vítimas. Samuel conta que as chamas se alastraram muito rápido. ;Aconteceu às 7h10. Eu estava dormindo no meu quarto, porque cheguei tarde do trabalho. Quando percebi, o fogo tinha tomado a sala toda e tinha muita fumaça pela casa. Não dava para enxergar nada;, lembra. Os vizinhos acionaram o socorro. ;Consegui sair e cheguei à rua, mas a minha primeira reação foi voltar para ajudar a minha mãe. Coloquei um lençol molhado no rosto, subi no telhado e fiquei tirando as telhas;, contou.

Marília Pereira, 23, mora em frente à residência atingida pelo incêndio. ;Acordei por volta das 7h15 para dar remédio para a minha filha e só escutei um homem gritando que estava pegando fogo. Saí para a varanda e vi a casa toda cheia de chamas, uma fumaça preta e o choro de uma criança. O cara bateu na porta até arrombar. Quando conseguiu, o menino saiu correndo e caiu no chão, na rua. Os vizinhos ficaram desesperados, ajudaram jogando água e tentando salvar quem estava lá dentro;, detalhou. ;Foi a pior cena da minha vida;, lamentou.

A mãe de Alex foi ao Hran para acompanhar o filho. Em choque, Marlene Pereira, 37, disse que não sabia detalhes do acidente. ;Todos os dias, eu o deixo com a dona Maria. Ela cuidou das minhas outras filhas, nos conhecemos há muitos anos. Hoje, aconteceu isso, que ninguém espera. É muito triste, o meu filho é tudo para mim;, disse. Após os primeiros atendimentos no Hran, a criança foi levada para o Hospital de Base do DF, onde está internada na unidade de tratamento intensivo (UTI). ;Nós fomos para lá e recebemos apoio dos médicos. Uma psicóloga me acompanhou e ajudou. Mas falaram que ele está em estado grave, entubado e sedado. Estou arrasada. Moramos só eu e ele, não sei o que seria de mim sem o meu filho.; O menino passou por escarotomia, cirurgia para a retirada de tecido queimado.

Perícia
O tenente do Corpo de Bombeiros Paulo Jorge Trindade informou que a criança teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. ;Mas ela estava com um quadro estável na hora do atendimento, apesar da gravidade. Porém, só a avaliação médica do Hran vai precisar o estado de saúde exato;, afirmou. O laudo indicando as causas do incêndio deve ficar pronto em até 30 dias. ;É muito cedo para falar o que pode ter provocado o fogo. Mas estamos fazendo a nossa avaliação, que tem como propósito ainda a prevenção e a melhoria das nossas operações;, informou a tenente-coronel Marina Lamballais.

Moradores reclamaram de um serviço realizado pela Companhia Energética de Brasília (CEB) recentemente na rua onde houve o incêndio. ;No domingo, caiu uma torre de energia, e eles fizeram um trabalho aqui. Isso pode ter motivado, porque tem uma torre em cima da minha casa também;, disse Samuel. A energia foi cortada na manhã de ontem para a realização de reparos. Procurada, a empresa informou que ;somente após o laudo da perícia será possível identificar a origem do incêndio;.




"Aconteceu às 7h10. Eu estava dormindo no meu quarto, porque cheguei tarde do trabalho. Quando percebi, o fogo tinha tomado a sala toda e tinha muita fumaça pela casa. Não dava para enxergar nada;
Samuel Pereira, vítima