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Proporcionar escuta qualificada e acolher com respeito e dignidade as vítimas de violência doméstica. São esses os objetivos do Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (Nuiam), inaugurado ontem na 29; Delegacia de Polícia (Riacho Fundo). A iniciativa é feita em parceria com outras instituições governamentais, iniciativa privada e ONGs. ;O nosso objetivo não é simplesmente levar o registro de ocorrência policial para a mulher vítima de violência, mas que ela saia daqui com os devidos encaminhamentos, sabendo que ela terá acompanhamento jurídico, assistência social, e não simplesmente ficará andando de um lado para o outro sem saber para onde ir;, explica a delegada Jun Áurea de Carvalho.
O novo espaço foi pensado para receber as vítimas de violência doméstica de forma mais humanizada. ;É muito importante que a mulher chegue à delegacia e tenha um acolhimento psicossocial, porque, muitas vezes, ela chega fragilizada, nervosa e acabou de ser agredida;, explicou o coordenador do Núcleo Judiciário da Mulher e titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Núcleo Bandeirante, Ben-Hur Viza. Em relação à assistência jurídica, as mulheres receberão esclarecimentos dos direitos, como ao divórcio, à moradia, à alimentação e à guarda dos filhos.
Ben- Hur acredita que, com essa iniciativa, outras delegacias poderão aderir ao Nuiam. ;Eu creio que, diante desse clamor que o Distrito Federal vive em razão dos muitos feminicídios, isso vai provocar uma demanda por recurso, seja de investimento do GDF, seja da União, para que esses núcleos possam ser implementados em todas as delegacias, iniciando pelas regionais, de maior movimento;, afirmou.
Segundo Sueli Vieira, diretora do Pró-Vítima, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), a medida pode colaborar de forma efetiva para o enfrentamento da violência doméstica. ;A iniciativa tem tudo para ser implementada em outras unidades, uma vez que a atuação coordenada, articulada e integrada de diversos órgãos, autoridades e entidades governamentais e não governamentais possibilitam respostas mais céleres às mulheres vítimas de violência;, avaliou.
Também estiveram presentes no evento a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Fabriziane Zapata; a secretária Nacional de Mulheres, Cristiane Britto; a deputada distrital Júlia Lucy; o professor da Universidade Católica de Brasília Daniel Carvalho; e o promotor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Luciano Ávila.
Campanha
Com o objetivo de melhorar o olhar dos profissionais de saúde para os sinais da violência doméstica contra a mulher, a Secretaria de Saúde aumentou a visibilidade da campanha de sensibilização e prevenção ao crime ; há mais casos contra vítimas de 20 a 29 anos. As salas de espera e as emergências de hospitais receberão cartazes com informações sobre o tema. Além disso, há o Violentômetro, que representa os variados graus de violência, podendo começar com uma agressão verbal e chegar ao feminicídio.
De acordo com levantamento do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, do início do ano até 11 de novembro, a Secretaria de Saúde registrou 1.307 casos de violência física contra as mulheres.
* Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart