Cibele Moreira, Alan Rios
postado em 05/12/2019 06:00
[FOTO1]Paulo Roberto de Caldas Osório mora na mesma casa da 712 Sul onde matou a própria mãe. Neuza Maria Alves, 45 anos, foi assassinada em 1992 pelo filho, com cinco facadas. A mulher ainda foi asfixiada com uma corda de náilon e teve parte do corpo queimado. O crime chocou a cidade pela gravidade e pela descoberta do autor, o então jovem de 18 anos, estudante de pré-vestibular, considerado tranquilo pela vizinhança. À época, uma amiga de Neuza chegou a pedir aos investigadores que Paulo pudesse comparecer ao velório da mãe ; o delegado do caso negou a solicitação.
Nesta quarta-feira (4/12), vizinhos não só reviveram a tragédia dos anos 1990 como se surpreenderam com outra barbárie cometida por Paulo Roberto. Agora, ele é acusado de sequestrar e matar o próprio filho, após buscá-lo de carro na escola. ;Eu estou muito abalado. Ele tratava o filho com carinho. Não tenho nada de ruim para falar dele;, comentou um morador, que preferiu não se identificar. Outra moradora contou que Paulo cumprimentava todos na rua. ;Foi um choque quando soube do ocorrido com a criança, disse a mulher que, na quinta-feira da semana passada, viu o pai brincando com o filho no parquinho da quadra.
Danielle Bastardo, dona da Panificadora Vitoriosa, na 512 Sul, afirmou que o servidor público costumava frequentar o comércio quase todos os dias. ;Eu o conheço há mais de quatro anos. Estou chocada com o que aconteceu.; Danielle não sabia que Paulo Roberto, cliente assíduo do estabelecimento que funciona há mais de 46 anos na região, é o mesmo que matou a mãe em 1992.
;Eu lembro quando houve a tragédia aqui na quadra em que um jovem matou a mãe e depois a queimou. A família frequentava a panificadora. Lembro bem, porque foi na mesma época em que o meu pai faleceu;, relembra. ;O pai dele faleceu há poucos meses. Ele sempre encomendava a ceia de Natal aqui. Era muito querido por todos. Estou sem acreditar;, relatou.
;Eu lembro quando houve a tragédia aqui na quadra em que um jovem matou a mãe e depois a queimou. A família frequentava a panificadora. Lembro bem, porque foi na mesma época em que o meu pai faleceu;, relembra. ;O pai dele faleceu há poucos meses. Ele sempre encomendava a ceia de Natal aqui. Era muito querido por todos. Estou sem acreditar;, relatou.
Paulo Roberto tinha o hábito de comprar lanche na panificadora logo pela manhã ou no fim da tarde. Na última sexta-feira, dia em que o acusado pegou a criança na escola, ele não foi à padaria. ;Em três ou quatro ocasiões, ele veio com a criança no colo. Os dois sempre muito alegres. O filho tinha uma relação carinhosa com o pai. Nunca reparei em algo fora do comum nem alteração de humor. Mas notei que, no último mês, ele começou a vir em um horário mais tarde, no meio da manhã, e não às 7h, como era costume;, detalhou Luana Santos Dias, 28, funcionária da panificadora.
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Aprovado em concurso
Paulo Roberto cumpriu 10 anos da pena por homicídio na ala de tratamento psiquiátrico do Centro de Internamento e Reeducação (CIR), no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele tentou diminuir o tempo encarcerado em 1997, quando entrou com habeas corpus alegando que ;estaria ocorrendo desvio ou mesmo excesso da pena que lhe foi imposta;. Mas o pedido foi negado pela 2; Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios. No documento ao qual o Correio teve acesso, a Justiça considerou que ;o paciente foi devidamente avaliado por peritos; e que ;o laudo psiquiátrico se mostrou desfavoravelmente à cessação da periculosidade;.
Em 2005, três anos após deixar a prisão, ele passou no concurso público da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) para o cargo de agente de estação, após ser aprovado, inclusive, no exame psiquiátrico. Atualmente, Paulo Roberto estava afastado, de licença psiquiátrica. Em nota, o Metrô alegou que não se pronunciará sobre o assunto, uma vez que os fatos narrados não se relacionam com as atividades dele na companhia. Limitou-se a informar que ;a empresa atende a legislação com relação ao processo seletivo;.
Mesmo com o histórico psiquiátrico de Paulo Roberto, o jurista Luis Carlos Alcoforado avalia que não houve irregularidade nesse caso. ;Quando alguém cumpre a pena, é como se estivesse apagando a história do passado. Como cidadão, a pessoa tem o direito da ressocialização; então, pode assumir um cargo público;, explicou.
Outros casos
4 de abril de 2014
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu em Três Passos (RS), cidade onde morava. Depois de 10 dias, o corpo do menino foi encontrado em uma cova vertical, às margens de um riacho, no município de Frederico Westphalen, a cerca de 80km da casa do garoto. Laudos da Polícia Civil apontaram que a criança morreu por superdosagem de um sedativo encontrado no estômago, no rim e no fígado da vítima. O pai do menino, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e dois amigos dela, os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz, foram acusados do crime. De acordo com a investigação, o garoto sofria constantes abusos psicológicos, além de passar por desamparo e negligência. O Conselho de Sentença do Tribunal do Júri condenou os suspeitos em março deste ano após cinco dias de julgamento.
31 de maio de 2019
Rhuan Maycon da Silva Castro, 9 anos, foi assassinado pela mãe, Rosana Auri, e pela madrasta, Kacyla Priscyla, em Samambaia Norte. O garoto dormia quando recebeu diversos golpes de faca. Em seguida, teve o rosto desfigurado, foi decapitado e esquartejado. Elas distribuíram as partes do corpo de Rhuan em uma mala e duas mochilas. Rosana jogou uma delas em um bueiro, mas foi vista por pessoas que estavam na rua. Os curiosos abriram o objeto e encontraram o cadáver. A Polícia Civil foi acionada e prendeu o casal na residência. A filha de Kacyla, de 8 anos, presenciou a cena. Em 2014, as acusadas fugiram com as crianças do Acre e as submeteram a sofrimento físico e mental. As duas crianças não mantinham contato com outras pessoas nem frequentavam a escola. Em 2018, Rhuan teve o pênis cortado pelas mulheres.