[FOTO1];Eu era preta, pobre e morava longe;, apresenta-se Jane Klébia, delegada-chefe da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), em entrevista ao CB.Poder ; parceria do Correio com a TV Brasília ;nesta segunda-feira (2/12).
Agora com cargo de destaque e sendo referência principalmente para mulheres e pessoas de baixa renda do Distrito Federal, ela afirma que o Estado precisa de políticas públicas para combater as desigualdades (veja a íntegra da entrevista abaixo).
Agora com cargo de destaque e sendo referência principalmente para mulheres e pessoas de baixa renda do Distrito Federal, ela afirma que o Estado precisa de políticas públicas para combater as desigualdades (veja a íntegra da entrevista abaixo).
A delegada também critica o momento atual do país, devido à divisão da sociedade em lados políticos. ;Quando se faz essa luta de direita e esquerda, empobrecem as ações sociais. As pessoas acham que questões de empoderamento de grupos minoritários são de esquerda. Não são, são questões humanitárias. Com essas divisões, a sociedade não vai crescer como um todo. Precisamos de políticas afirmativas e precisamos entender que elas são de resgate;, opina.
Questionada sobre as desigualdades sociais, Jane afirma que é necessário fomentar ferramentas de correção em diferentes contextos. Usando a história dela como exemplo, a delegada detalha que passou por competições desiguais para entrar no serviço público.
;Para o concurso de delegado de polícia, eu tinha cinco colegas com pais com condições financeiras boas, que só precisavam estudar. Eu era preta, pobre e morava longe. Usava transporte público, ia para a biblioteca pegar livros, porque não tinha dinheiro para comprar, e precisava me esforçar mais do que outra pessoa. É por isso que acredito na política de cotas.;
;Para o concurso de delegado de polícia, eu tinha cinco colegas com pais com condições financeiras boas, que só precisavam estudar. Eu era preta, pobre e morava longe. Usava transporte público, ia para a biblioteca pegar livros, porque não tinha dinheiro para comprar, e precisava me esforçar mais do que outra pessoa. É por isso que acredito na política de cotas.;
Polícia acolhedora
Jane comenta ainda sobre seu trabalho de proximidade com a sociedade, dizendo ser esse o caminho ideal para combater crimes como a violência doméstica. ;Para mim, é necessário conscientizar. Entender que a mulher tem seu lugar de fala, de ação. Isso passa pela educação, pela escola, com palestras ou visitas à comunidade. Vejo muitos casos de mulheres que não querem fazer a denúncia contra o agressor por uma série de motivos. Então converso, ouço, tento ver como ajudar para que ela não tenha dependência financeira ou emocional do homem;, conta.
Os jornalistas do CB.Poder também lembraram de recentes casos ede possíveis excessos por parte das forças de segurança, como a operação da Polícia Militar de São Paulo durante um baile funk em Paraisópolis, na madrugada deste domingo (1;/12), quando nove pessoas morreram pisoteadas. Para a delegada, é necessário reforçar o treinamento policial para que esses casos recorrentes tenham fim.
;É com muita tristeza que vemos isso. Eu acredito na polícia forte e acolhedora, que não pode se afastar do cidadão. O treinamento do policial precisa ser repensado, porque eles passam por situações de tensões muito grandes e precisam ter cuidado de refletir muito bem antes das operações.;
;É com muita tristeza que vemos isso. Eu acredito na polícia forte e acolhedora, que não pode se afastar do cidadão. O treinamento do policial precisa ser repensado, porque eles passam por situações de tensões muito grandes e precisam ter cuidado de refletir muito bem antes das operações.;
Para Jane Klébia, uma das possíveis soluções propostas para evitar esses casos, a Lei de Abuso de Autoridade, pode acabar atrapalhando o trabalho da segurança pública. ;Ter medo de trabalhar é complicado. Temos que ter um trabalho sério e consciente, mas ela pode aumentar a criminalidade, pode enfraquecer o trabalho de policiais que podem ser punidos por fazer a coisa certa;, avalia.