A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não faz levantamentos sobre assassinatos cometidos por mulheres contra os companheiros (veja Número de homicídios no DF). Segundo a pasta, entre janeiro e outubro deste ano, 327 pessoas foram vítimas de homicídio na capital.
De acordo com Leonardo Sant;Anna e Ivon Iizuka, da Total Florida International ; Consultoria em Segurança, diante dos indícios que se têm até o momento, o episódio pode ser avaliado por duas abordagens. ;Pelo lado legal, o homicídio é a classificação do Código Penal que mais se adéqua ao crime praticado. Mas deve-se juntar todos os itens que tornam o crime mais grave e hediondo, tais como a crueldade praticada, o esquartejamento, a ocultação das partes do corpo e uma possível preparação de emboscada. No aspecto psicológico, há a reação completamente desproporcional ao compararmos o término do relacionamento e, em tese, o que se colocou em prática como vingança;, explicou Sant;Anna.
Iizuka avalia que reações extremas como o esquartejamento não são aceitáveis nem fáceis. ;Geralmente, em um término de namoro, a pessoa esperneia, chora ou briga. São atitudes normais do ser humano. Mas quando se trata desse tipo de brutalidade, que exige força e energia, há uma desproporção emocional muito grande para concretizar a origem dessa raiva;, analisou.
O psicólogo e pesquisador da área de violência doméstica da Universidade de Brasília (UnB) Fabrício Guimarães explica que esse é um caso que foge do comum. ;É normal encontrar mulheres que, ao terminar um relacionamento, saem, vão se distrair e até choram. No caso dos homens, há uma cultura machista, na qual eles acham que a companheira é propriedade dele e as mata. Mas, nesse caso específico, podemos ver como intolerância à frustração;, ressaltou.