[FOTO1]Além da arquitetura de Brasília, a capital reserva uma riqueza de aves que podem ser encontradas nos mais diversos pontos da cidade. Na primavera, além do colorido das flores, é possível contemplar passarinhos que, geralmente, não são vistos em outras estações. Na região, há mais de 450 espécies, segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Entre elas estão inhambu-chororó, mutum-de-penacho, biguá, príncipe, primavera, pardal e bico-de-lacre. ;Esta é uma excelente época para apreciar os pássaros, pois é a fase reprodutiva deles. A maioria não se reproduz na seca e aguarda a primavera. Neste período, há mais insetos e frutinhas; então, ficam mais visíveis;, explica o chefe de Educação Ambiental do Ibram, Marcus Paredes.
A vasta quantidade de árvores também ajuda a proliferação das aves. ;A arborização, a grama e a quantidade de frutos são condições especiais para elas viverem ali. Quem caminha por esses locais não tem muita dificuldade em vê-las;, destaca. Entre os lugares de maior abundância das espécies estão os parques da Cidade, Olhos D;água, de Águas Claras e Ecológico Dom Bosco.
A diversidade do cerrado da capital faz com que, além das espécies desse bioma, possam ser encontrados outros pássaros típicos da Amazônia, da caatinga e da Mata Atlântica. Das 1.580 espécies identificadas no Brasil, 119 são migratórias, como o tarambola-dourada-americana, o bacurau e a tesourinha, que chegam da América do Norte; o príncipe, da Patagônia; e o tiziu, do México. Segundo Marcus, a permanência de um pássaro na cidade engloba vários fatores. ;Depende da plasticidade, ou seja, a capacidade de ele se habituar ao ambiente. O sabiá, por exemplo, cria o ninho com resto de papel e pedacinho de cigarro e se alimenta de manga, frutas nativas; então, é mais fácil ele se alocar aqui. Diferentemente do galito, que gosta de morar em um campo limpo;, diz.
Ao mesmo tempo que serve de estímulo para a apreciação, a quantidade de aves se revela um desafio para quem se dispõe a identificar as espécies. Cada uma recebe um nome popular (em português) e um científico (em latim).
Segundo o biólogo e especialista em aves do cerrado Marcelo Pontes, a dificuldade é a pluralidade das espécies, cujas nomenclaturas podem variar por região. ;Para aprender a identificar os pássaros, o primeiro passo é verificar nos livros as características de cada uma, principalmente o perfil e os detalhes da coloração. Nesses casos, é importante reparar como as espécies se diferenciam não só nas cores como nos formatos de bicos, nas asas e nas caudas. E também aprender as vozes de cada uma;, explica.
Segundo o biólogo e especialista em aves do cerrado Marcelo Pontes, a dificuldade é a pluralidade das espécies, cujas nomenclaturas podem variar por região. ;Para aprender a identificar os pássaros, o primeiro passo é verificar nos livros as características de cada uma, principalmente o perfil e os detalhes da coloração. Nesses casos, é importante reparar como as espécies se diferenciam não só nas cores como nos formatos de bicos, nas asas e nas caudas. E também aprender as vozes de cada uma;, explica.
Auxiliar na preservação das aves e do meio ambiente também é uma dica do especialista. ;As pessoas podem ajudar de várias formas, como manter a vegetação, principalmente a flora nativa, evitando edificações espelhadas e a difusão indiscriminada de predadores domésticos, como cães e gatos;, orienta.
Observação
O fotógrafo Rodrigo Pertoti, 42 anos, ingressou em um grupo de observadores de pássaros do Distrito Federal há três anos. Ele tem como costume visitar os parques de Águas Claras, do Guará e o Sarah Kubitschek para fotografar e admirar as espécies. ;Observá-los é como uma válvula de escape da correria do dia a dia, mas que acaba se tornando gostoso. Alivia a pressão;, ressalta. Segundo ele, as pessoas deveriam valorizar o cerrado brasileiro. ;Todo mundo tem um tempo para descansar e contemplar a natureza. O nosso bioma é rico, e os parques do DF são extremamente lindos. Vale a pena conhecer melhor.;
A ambientalista Maggi Moss, 65, também se dedica à atividade. Além da capital, ela viaja frequentemente para a Amazônia. ;Desde 2009, estou na ativa. Considero isso como um momento de paz. Uma vez que você começa não conhecendo muito as espécies, torna-se instigante descobri-las. Eu sempre as identifico pelo som e pelas características físicas. No meu quintal de casa, no Lago Sul, presenciei 150 tipos de pássaros;, conta.
Maggi tem predileção pelos beija-flores. ;Sou apaixonada pelo colorido das aves. Os cantos também são uma beleza. Quando você tem interesse, vira uma atividade divertida, porque começamos a prestar atenção em algo que sempre esteve ali, mas não reparamos;, comenta.
*Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart
Programe-se
Conheça alguns locais para a observação de aves no DF e a lista de pássaros que podem ser encontrados:- Parque Nacional de Brasília
Espécies: mutum-de-penacho, saracura-três-potes,
soldadinho, tiê-de-topete,
tico-tico-de-bico-amarelo e pula-pula-de-sobrancelha
- Parque Olhos D;água
Espécies: saracura-sanã,
tuim, ariramba-de-cauda-ruiva, garrinchão-de-barriga-vermelha e saí-andorinha
- Parque da Cidade
Espécies: maria-faceira, curicaca, gralha-do-cerrado
e príncipe
- Parque Ecológico Dom Bosco
Espécies: choca-de-asa-vermelha, bandoleta e bico-de-pimenta
- Jardim Botânico
Espécies: beija-flor-de-canto, macuquinho-de-colar,
saíra-de-papo-preto e mariquita
- Parque das Garças
Espécies: falcão-de-coleira,
papagaio-galego, pica-pau-branco e chorozinho-de-bico-comprido
- Parque Vivencial II
Espécies: gavião-caramujeiro e curutié
Fonte: Marcelo Pontes, biólogo e especialista em aves do cerrado
Fonte: Marcelo Pontes, biólogo e especialista em aves do cerrado