A decisão foi consequência dos problemas financeiros que a instituição está enfrentando nos últimos tempos. De acordo com a Secretaria de Educação, o colégio não estava credenciado. A pasta afirma que os estudantes não serão prejudicados, mas devem solicitar um exame de classificação na escola que irão se matricular para regularizar sua situação.
A administração da escola não respondeu às tentativas de contato da reportagem.
Crisalbert Ramos, professor de geografia do Maxwell, 38, conta que a crise se arrastava desde 2017, desencadeando problemas de pagamento. “A diretora procrastinou a situação. Os professores estavam sem receber há três meses, e a escola não seguiu o credenciamento. Todos já esperavam que o colégio teria um esse fim, mas não dessa forma sem prévio aviso”, diz.
O professor aponta que várias reuniões e promessas de soluções foram feitas, mas a dívida chegou a um patamar em que os investidores não tiveram interesse em aplicar bens na escola. Segundo ele, o sentimento de impotência é unânime entre os funcionários: “São pais de família que não têm perspectiva alguma, pelo menos até o fim do ano”.
Pais e alunos
Jaqueliane Vieira de Sousa, 40, autônoma e mãe de aluno da 2º série do fundamental, lembra que desde o meio do ano pais já percebiam que algo estava errado, porém nada foi avisado com antecedência. “Quando cheguei no colégio, hoje pela manhã, simplesmente estava tudo fechado. Não tinha um diretor, um representante. Alguns funcionários conseguiram entrar pela janela para repassar documentos.” Jaqueliane acresenta que os funcionários estavam chorando e desesperados. "Há meses sem salário e agora desempregados. Eles estavam aos prantos", afirma.
A mãe conta que está preocupada com o andamento escolar do filho já que a escola não estava credenciada “Nós não sabíamos da falta de credenciamento. Então, mesmo que a gente pegue um documento agora para transferência, não valerá de nada. Já fiquei sabendo que muitas escolas não estão recebendo alunos daqui”, lamenta.
Segundo o professor de artes William Rezende Quintal, 40, os empregados do colégio já sentiam que algo estava errado e começaram a ver pais migrando os alunos para outras escolas, como foi o caso dele: “Eu mesmo tirei minha filha no início do ano, porque eu senti que a coisa não ia bem. Outros professores tomaram a mesma atitude”. O professor lembra que muitos educadores já estavam procurando outros empregos. “Estou me sentindo desempregado há quatro meses porque há quatro meses eu não recebo. É muito angustiante”, diz.
Outro professor que tinha os filhos matriculados no colégio é Leônidas Zazelis, 52. "Os meus filhos foram os primeiros alunos do Maxwell e agora, prestes a terminar o ensino médio e fazer o PAS, recebemos esta notícia", lamenta. Ele ainda explica que, como sempre paga o ano inteiro no cartão de crédito em doze parcelas, deverá pagar os meses de novembro e dezembro e acredita que não terá os valores devolvidos. "Ainda tive que procurar outra escola e pagar os meses de novembro e dezembro novamente e bem mais caro", reclama.
A estudante Maira Agnes Matte, 17 anos, critica o colégio por esconder a situação. "Alguns professores começaram a faltar muito e a gente não tava sabendo de nada", lembra. A aluna relata que, depois de muita confusão, a escola convocou uma reunião com os pais e confessou que não estava credenciada na Secretaria de Educação, o que, de acordo com ela, foi um grande choque. Maira ainda diz que decidiu deixar o colégio há duas semanas, diante da indefinição. "A gente preferiu não arriscar. Eu e um grupo de alunos resolvemos ir para outro colégio nos encontrarmos lá.”
Lista
Em nota, a Secretaria de Educação alerta que, antes de realizar a matrícula em escolas da rede privada, é preciso que os pais ou responsáveis verifiquem se a instituição é credenciada na lista disponibilizada em sua plataforma. Os estudantes interessados em ingressar na rede pública de ensino podem realizar as inscrições pela Internet e pelo 156, até o dia 1º de novembro.
*Estagiárias sob supervisão de Fernando Jordão