Jornal Correio Braziliense

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Vizinho é suspeito do crime

Noélia Oliveira, 38 anos, tinha um relacionamento com o operário Almir Evaristo Ribeiro, 43, acusado do assassinato. No dia, o homem a teria encontrado em uma parada do Eixo Monumental e seguido para o Assentamento 26 de Setembro, onde ela foi achada morta

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A Polícia Civil prendeu temporariamente, ontem, o operador Almir Evaristo Ribeiro, 43 anos, pelo assassinato da vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira, 38. O suspeito era vizinho da vítima e tinha um relacionamento extraconjugal com ela havia pelo menos quatro meses. Ela foi morta com um tiro no olho esquerdo em 17 de outubro, na Colônia Agrícola 26 de Setembro. Esse é o 27; feminicídio registrado no Distrito Federal neste ano, conforme levantamento do Correio. É apenas um caso a menos de todo o ano de 2018.

Segundo a delegada Adriana Romana, chefe da 38; Delegacia de Polícia (Vicente Pires), Almir tornou-se alvo da investigação por causa das ligações registradas no extrato do número de celular da vítima. O material foi entregue pelo sobrinho da mulher, o advogado Marcos Aurélio Oliveira. ;As conversas duravam mais de uma hora, o que já indica uma relação íntima. Além disso, a companheira de Almir nos relatou que desconfiava de que ele e Noélia tinham um caso. Contudo, como não tinha visto nada, preferiu não dizer para o marido da vendedora, a fim de evitar uma confusão sem provas;, esclareceu a delegada.

Com as informações sobre o caso, agentes trabalharam com as imagens de câmeras de segurança, que mostraram Noélia caminhando do local onde trabalhava, no Brasília Shopping, até o Eixo Monumental. O Correio noticiou com exclusividade a descrição do vídeo, mas, por causa da qualidade da filmagem, não era possível determinar se a vendedora tinha entrado em um dos dois veículos que se aproximaram dela. A mulher não foi mais vista após ir para trás de um arbusto.

;Utilizando ferramentas de inteligência da polícia, conseguimos determinar que Almir esteve com Noélia no Eixo Monumental. Ele a pegou próximo a uma parada de ônibus e seguiu até o Assentamento 26 de Setembro. O que não conseguimos determinar é se a vítima foi morta dentro ou fora do veículo. Isso só poderá ser confirmado por perícia, uma vez que Almir nega qualquer envolvimento;, destacou a delegada Adriana Romana.

O carro do operário, que teria sido usado por ele no dia do crime, um Chevrolet Cruze cinza, foi apreendido ontem, durante a prisão. O veículo usado pelo filho dele, de 20 anos, um Chevrolet Corsa Prata, também foi levado pelos policiais. Ambos os automóveis passarão por perícia, assim como o celular de Almir, como explicou Adriana Romana. ;Sabemos que Almir lavou o veículo dele depois do homicídio, a fim de destruir provas. Contudo, é possível que tenha vestígios, os quais indicarão que Noélia esteve no automóvel. O material no celular também será importante para sabermos o nível de intimidade entre a vítima e o suspeito;, disse. ;Outro ponto que segue em apuração é a motivação do crime, porque o Almir não falou nada sobre o caso. Então, não conseguimos confirmar se ele já tinha planejado a execução ou não;, finalizou a investigadora.

Almir ficará cinco dias preso. Depois, responderá em liberdade, a não ser que seja decretada sua prisão preventiva. Os investigadores do caso ainda não encontraram a arma do crime, tampouco a bolsa e o aparelho celular da vítima.

Ligação

De acordo com informações da apuração da 38; Delegacia de Polícia, o marido de Noélia conhecia o operário. Eles chegaram a frequentar eventos juntos, mas não tinham amizade próxima. Após o corpo da vítima ser encontrado e identificado por familiares (Leia Memória), Almir Ribeiro ligou para o companheiro da mulher, para lamentar o ocorrido.

Para a delegada Adriana Romana, as ações do suspeito demonstram frieza por parte dele. ;Depois do assassinato, ele foi para casa. Relatos de familiares indicam que Almir não mostrou alteração de humor, seguiu a vida normalmente. Inclusive, no sábado, voltou ao trabalho;, frisou. ;Ele contatou o marido da vítima, alegando sentir muito pelo que havia acontecido com a vendedora. Acrescentou que, se o companheiro precisasse de alguma coisa, poderia contar com ele;, acrescentou a investigadora.

Missa de sétimo dia

Familiares, amigos e conhecidos de Noélia reuniram-se na Paróquia Senhor Bom Jesus, no Setor O, para a missa de sétimo dia da vítima de feminicídio. A vendedora era a caçula de 13 irmãos e deixou três filhos, de 16, 9 e 5 anos. O mais velho é fruto do primeiro casamento; os outros, do relacionamento atual. Mais de 100 pessoas participaram da cerimônia, que começou no início da noite de ontem.

Para o sobrinho Marcos Aurélio Oliveira, a prisão de Almir trouxe resposta e alívio para o mistério que rondava o assassinato. ;O suspeito está preso, é isso que importa. É uma pessoa que, aparentemente, é perigosa. É o primeiro crime dele, mas foi um assassinato bárbaro e cruel. Ninguém tinha o direito de tirar a vida da minha tia. Estamos reunindo forças, principalmente para apoiarmos meus avós (pais de Noélia), que são do Ceará. A vida segue, da pior forma possível, mas continua;, lamentou.

*Colaborou Darcianne Diogo


Dia a dia da investigação

Outubro

; Dia 17 ; Noélia desparece, por volta das 22h, após sair de um shopping da Asa Norte, onde trabalhava. O marido da vendedora, Marcos Paulo Mendes, 42 anos, relatou que conversou por chamada de vídeo com a esposa pouco antes de ela não ser mais vista.

; Dia 18 ; O corpo de Noélia é encontrado em área de difícil acesso na Colônia Agrícola 26 de Setembro, entre a Cidade Estrutural e Vicente Pires.

; Dia 19 ; Marcos Paulo colabora com as investigações e nega qualquer
envolvimento com o crime.


Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul(61) 3207-6172

Disque 100 ; Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 e (61) 3910-1350


Prédio irregular é demolido

A Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) demoliu parcialmente, ontem, um prédio construído irregularmente na QSA 6, do Riacho Fundo I. A edificação tinha autorização da administração regional, de 2014, para levantar dois pavimentos, no entanto, o dono do imóvel construiu dois a mais e começava a levantar o quinto.

Na tarde de quarta-feira, parte da parede do último andar caiu em cima de uma casa vizinha e deixou uma mulher ferida na cabeça. Ravena Maia, 25 anos, precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao hospital. Sem conseguir atendimento médico, voltou para casa, tomou um remédio e ficou bem. A família pretende entrar com uma ação judicial contra o dono do imóvel por danos materiais. Outros dois imóveis precisaram ser interditados.

De acordo com o subsecretário de operações do DF Legal, Alexandre Nascimento, o prédio foi alvo de 19 ações fiscais, entre elas intimação demolitória, interdição e embargo. Ainda assim, o proprietário continuou a obra. Após vistoria, o órgão assegurou que a estrutura do prédio está, aparentemente, estável.

O Correio tentou contato com o dono do prédio, mas desde a manhã de ontem, até o fechamento desta matéria, o celular estava desligado.