[FOTO1] O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou que a pasta tem feito estudos sobre o crime de feminicídio e chegou a conclusões que, segundo ele, "preocupam bastante". A afirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (21/10), em entrevista ao programa CB.Poder ; parceria do Correio com a TV Brasília (assista à íntegra no fim desta reportagem).
"É um crime cometido dentro de casa, (com) arma branca. Um crime doméstico que o Estado tem uma dificuldade muito grande em chegar para poder preveni-lo. Neste ano, não há uma explosão do número de feminicídios. Não é isso. Temos alguns casos a mais. Acho que são cinco casos a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Mas nossa ideia não é ter casos a mais, é ter casos a menos", explicou o secretário.
Torres ainda elencou algumas medidas que a pasta tem adota para atingir o objetivo de reduzir o número de ocorrências desse tipo de cirme: "Temos trazido uma campanha às ruas. Precisamos que essas informações cheguem à polícia, que essas denúncias ocorram. Em 100% dos casos, no inquérito, na apuração, quando vai-se ouvir as pessoas, as testemunhas, elas dizem ;Eu sabia que ela apanhava. Ele bate nela há muitos anos. Ele grita com ela há muito tempo.; E ninguém faz nada. Aquela coisa de que em ;briga de marido e mulher, ninguém mete a colher;. E é esse ditado que queremos quebrar. A Secretaria de Segurança começou o ano ; depois de mapear e entender esse crime e como ele ocorre ; com uma campanha que chamamos de ;Meta a Colher;, que é isso: denuncie".
;Também estamos buscando (oferecer) atendimento especializado em todas as delegacias do DF. Minha ideia é exatamente essa: criar uma nova delegacia de atendimento específico à mulher na área de Ceilândia (...) e tentar ter núcleos eficazes, que funcionem 24 horas por dia em todas as delegacias;, acrescentou.
Só em 2019, o DF já registrou 26 casos de feminicídio. Na madrugada desta segunda, foi registrado mais um caso, no Entorno. Uma mulher de 31 anos foi morta a tiros depois de uma discussão com o companheiro.
O secretário comentou que o assunto tem sido analisado e que a Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF) avalia se haveria um ;fenômeno de incentivo; à prática desse crime motivado pela publicização dos casos. ;Assim como foi feito na questão do suicídio, precisamos de muito estudo em cima disso para saber se há um fenômeno de incentivo com a divulgação. Ainda é uma coisa a se amadurecer bastante;, ressaltou.
Assaltos a motoristas
A onda de assaltos contra motoristas de transporte individual por aplicativo também foi tema da conversa com o chefe da SSP/DF. No entanto, o secretário comentou que aguarda uma reunião com as empresas do ramo para a discussão de medidas que possam garantir a segurança de condutores e passageiros.
Anderson atribuiu o aumento dos casos de roubo ao fato de, agora, haver dinheiro nos carros dos motoristas: ;Até pouco tempo atrás, (o dinheiro) não circulava;. ;Estamos trabalhando pensando nisso. Não há uma quadrilha específica. São várias pessoas. (...) É um crime que realmente precisa ser estudado, e as empresas têm de vir à responsabilidade também. Precisamos ouvi-las;, completou.
Superlotação em presídios
O secretário também posicionou-se a favor de medidas para trabalhar com apenados do sistema prisional a fim de esvaziar as penitenciárias brasileiras. Torres afirmou que as prisões da capital federal estão superlotadas e que é a saída para enfrentar o problema da criminalidade não é ;só prender; criminosos.
;Essa é uma questão que o país precisa responder. (...) Montei uma câmara técnica de estudo do sistema penitenciário do DF. Quero entender com detalhes o que está acontecendo lá dentro, saber se meu número de funcionários está bom, se o número de presos não está alto demais. Na primeira leva que tivemos, vi que temos um dos maiores déficits carcerários de vagas do país. A média é 68% e tenho 126% de aumento, de superlotação aqui em Brasília;, disse.
Assista à entrevista na íntegra: