Quase um ano após o início das investigações, a Polícia Civil concluiu o inquérito contra o 1; sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal acusado de desviar munições da Polícia Militar (PMDF) para a facção Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. A Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor) indiciou o militar por integrar organização criminosa na qualidade de líder. Outras quatro pessoas, todas do DF, responderão por envolvimento nos desvios.
A Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac), subordinada à Cecor, deflagrou, em 2018, a Operação Fogo Amigo, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa dedicada ao comércio de munição de calibre restrito. Em fevereiro do mesmo ano, a Polícia Civil do RJ apreendeu munições de uso restrito da PMDF na cidade, levadas com um dos acusados por uma empresa de transporte terrestre: 1.030 munições calibre 5.56 mm e 499 de calibre 7.62 mm.
Quatro meses depois, em junho, foi feita nova apreensão, de 500 munições calibre 7.62 mm e 890, de calibre 5.56 mm, com o motorista de um Fiat/Stilo no Rio. Parte da mercadoria era vendida para o Comando do Exército e parte, para a PMDF. A partir disso, em dezembro, cumpriram-se cinco mandados de busca e apreensão, além de sete de prisão temporária no DF e RJ. A carga apreendida seria distribuída à facção no Morro da Penha.
Segundo o delegado Guilherme Sousa Melo, que participou das apurações, dois dos investigados e presos não foram indiciados. ;Eles não tinham ligação que os apontassem como integrantes;, afirmou.
Além disso, não foi obtida prova de que houvesse algum militar da ativa participando do esquema. O delegado explica ainda que, por parte da Polícia Civil, as investigações relacionadas à Operação Fogo Amigo estão encerradas, exceto se houver necessidade de novas diligências a pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
O bombeiro chegou a ser preso em dezembro do ano passado, quando estava cedido ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Segundo a Polícia Civil, ele coordenava o trâmite no transporte das munições. Em uma das diligências da Polícia Civil, mais munições e até mesmo uma granada foram encontradas em posse do bombeiro.
Em fevereiro, a defesa dele entrou com pedido de habeas corpus, que foi negado. O juiz da 3; Vara Criminal de Brasília, Aragonê Nunes Fernandes, interpretou que o militar integrava a facção criminosa e não poderia ser solto. Contudo, ele recorreu e, atualmente, responde ao processo em liberdade. O Correio procurou o Corpo de Bombeiros do DF, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.