Cidades

Farmácia era usada para vender drogas e remédios de forma ilegal no DF

Segundo Polícia Civil, esquema era liderado por farmacêutico que já foi vice-presidente do sindicato da categoria no DF

Darcianne Diogo*
postado em 11/10/2019 12:07

Tráfico de droga e venda ilegal de remédiosA Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), deflagrou, na manhã desta sexta-feira (11/10), a Operação Alquimia. Segundo investigadores, a ação mira um grupo suspeito de participar de esquema de tráfico de drogas e comércio ilegal de remédios. Para isso, os criminosos utilizavam-se de uma farmácia no Recanto das Emas.

Os criminosos eram liderados por um farmacêutico que já foi vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Brasília (Sindifar). Ainda segundo a polícia, o homem utilizava o nome de uma empresa de farmácia para adquirir grandes quantidades de produtos químicos, como benzocaína, cafeína anidra e lidocaína junto a uma fornecedora. Os produtos são habitualmente misturados à cocaína para aumentar o volume da droga.

A investigação teve início em 2018, a partir de uma denúncia de uma distribuidora de medicamentos, a qual o suspeito adquiria produtos em nome de uma farmácia antiga em que era sócio. ;O que nos chamou atenção, foi de que, geralmente, uma farmácia comum comercializa 200 gramas, por ano, dessas substâncias. E ele adquiria, em uma única compra, dois quilos de cada, ou seja, seis quilos no total. Até essa quantidade, não é preciso notificar a Polícia Federal (PF), o que facilitava a comercialização;, explica Adriano Valente, delegado da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

O homem ainda comercializava ilegalmente medicamentos que precisam de receita médica para serem vendidos, como Rohypnol, frequentemente usado como droga de abuso, abortivos e anabolizantes. ;Com o aprofundamento das investigações se percebeu que este homem contava com o auxílio de alguns comparsas, como o motorista de uma transportadora e revendedores das drogas;, ressalta Adriano.

Foram apreendidos 2.100 comprimidos de Rohypnol; 2.200 comprimidos de sibutramina e 45 ampolas de lipostabil, usados para emagrecimentos; 820 comprimidos de cytotec, utilizado para aborto; 750 comprimidos de pramil (para dar impotência sexual), proibido no Brasil; cinco frascos, 10 ampolas e 200 comprimidos de outros medicamentos de uso controlado; além de R$ 8.100 em espécie; 10 folhas de receituários médicos; e um carimbo médico.

Os agentes ainda irão apurar se há o envolvimento de profissionais da medicina no caso. ;Aparentemente, o carimbo foi feito sem o conhecimento do médico. Provavelmente, os criminosos usavam registro profissional aleatório;, argumentou Waldemar Tassaro, delegado da Draco e responsável pela operação.

Mandados de busca e apreensão

A PCDF cumpriu cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão nas casas dos supeitos, em Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Águas Claras. As buscas foram realizadas nas residências dos envolvidos e na farmácia no Recanto das Emas. Até o momento, cinco pessoas foram presas, além de grande quantidade de medicamentos e dinheiro em espécie. A operação está sendo realizada com apoio do Instituto de Criminalística, da Divisão de Operações Aéreas da PCDF (DOA), e da Diretoria de Vigilância Sanitária do DF (Divisa).

O próximo passo da operação, segundo o delegado Waldemar, é analisar os aparelhos celulares apreendidos, para comprovar a comercialização dessas substâncias. ;Tentaremos identificar outros atores, finalizar o inquérito e indiciar os culpados;, disse. Os suspeitos responderão, inicialmente, por tráfico de drogas, organização criminosa e falsidade ideológica. Caso sejam condenados, podem pegar entre 30 e 50 anos de prisão.

*Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader

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