postado em 07/10/2019 14:46
Antonio César Campanaro, o Toninho do Pó, de 45 anos, morreu na última quinta-feira (3/10), após passar mal no Complexo Penitenciário da Papuda. Para a Polícia Civil, a família da vítima relata que o criminoso pode ter sido envenenado. Ele foi preso em 10 de outubro de 2018, por meio da Operação Torre de Babel. O homem é indicado como líder de uma organização criminosa envolvida em tráfico de drogas, roubos, furtos, desvios de cargas e lavagem de dinheiro. Além disso, a Polícia Civil descobriu um esquema criminoso envolvendo policiais militares da capital federal pelo traficante.
O Correio obteve informações de que Toninho passou mal dentro do presídio. Ele se queixou de fortes dores no peito e na cabeça. O suspeito precisou ser escoltado para atendimento médico no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Antonio deu entrada na unidade às 14h da quarta-feira (2), mas morreu na madrugada de quinta-feira (3), às 2h30.
A necropsia indicou que a possível causa da morte poderia ser decorrente de alta ingestão de drogas e medicamentos. A situação de saúde de Toninho acabou evoluindo para uma pneumonia broncoaspirativa e choque séptico. No entanto, a filha do criminoso questionou o laudo e afirmou que o pai teria sido envenenado. A Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa (CHPP) apura o suposto crime.
O corpo de Toninho passou por exames no Instituto de Medicina Legal (IML) e foi liberado. O resultado da análise fica pronto em até 30 dias e será indispensável para confirmar a tese de envenenamento. No sábado (5), Antonio foi sepultado por amigos, familiares e amigos.
Torre de Babel
Em outubro do ano passado, a 3; fase da operação Torre de Babel cumpriu 72 mandados de busca e apreensão, 42 de prisão preventiva e seis de prisão temporária no Distrito Federal, e em seis estados e 15 cidades. Toninho do Pó foi um dos presos. Ele era indicado como o líder da quadrilha especializada em crimes a nível nacional, incluindo tráfico de drogas. A investigação durou 9 meses e foi realizada pela Coordenação Especial de Repressão à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária da Polícia Civil do Distrito Federal (Cecor).
Policiais civis encontraram Toninho em Morro de São Paulo (BA), distante cerca de 1407 km de Brasília. O carro dele, uma caminhonete Pajero, foi apreendido na capital federal, com R$ 76 mil escondido em um fundo falso. O criminoso já tinha sido preso e condenado por tráfico, ao ser detido com 20kg de cocaína, em 2008. Ele cumpriu pouco mais de um ano e seis meses da pena em regime fechado.
Toninho teria se tornado o líder do bando que realizava desvios de cargas, roubos, furtos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele constituiu um patrimônio vultoso por meio do escambo de produtos oriundos dos crimes. O homem trocava entorpecentes e produtos em carros e imóveis, por exemplo.
Denúncia contra a PM
A investigação acerca da atuação do traficante Antonio César Campanaro trouxe à tona um esquema criminoso envolvendo policiais militares do Distrito Federal. , acusados de terem se unido para prender Toninho do Pó apenas para roubar as drogas dele, as quais seriam vendidas.
De acordo com a apuração da Cecor, os militares souberam que Toninho transportaria 500kg de maconha. Com a informação, os policiais criaram um grupo no WhatsApp, com o nove ;Op. Five Hundred;, cujos participantes eram policiais militares da Patamo, de batalhões operacionais e do Centro de Inteligência da PM.
Toninho foi algemado pelos PMs e torturado para que entregasse o entorpecente. Os servidores chegaram a registrar uma ocorrência na 20; Delegacia de Polícia (Gama), mas apresentaram parte da apreensão. Dos 500 kg, somente 203,5 kg foram entregues. Eles não apresentaram nenhum preso.
A história foi contada pela filha de Antonio a uma tia, por telefone. Os números estavam grampeados, durante a investigação da Operação Torre de Babel. Sem conhecimento da apuração da Cecor, a mulher relatou a familiar que o pai tinha sido sequestrado e torturado pelos militares.