Jornal Correio Braziliense

Cidades

Eleitos 200 defensores da infância

População foi às urnas ontem para eleger conselheiros tutelares, responsáveis por dar assistência a jovens e crianças em situação de risco. Escolha ocorreu sem tumultos com urnas cedidas pelo TRE


Numa eleição tranquila, 155.069 eleitores foram às urnas ontem para escolher os novos conselheiros tutelares do DF. Houve 2.532 votos nulos e 261, brancos. A população teve que escolher entre 877 candidatos e elegeu 200 representantes para a vaga, além de 400 suplentes. Cada eleito vai assumir uma das cinco vagas de cada um dos 40 Conselhos Tutelares do DF, e cumprir o mandato de 2020 e 2023.

A votação, que começou às e 9h e se encerrou por volta de 17h, ocorreu sem filas. Neste ano, a novidade foi a utilização das urnas eletrônicas, cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/DF). De acordo com o secretário de Justiça e Cidadania do DF, Gustavo do Vale Rocha, apenas uma urna das 1.142 cedidas pela Justiça apresentou problemas, no Areal.

O equipamento foi substituído sem prejudicar a eleição. ;A organização e a participação da população superaram as nossas expectativas. Tivemos uma votação tranquila e sem muitas ocorrências;, afirma Rocha.

Uma intercorrência ocorreu em Sobradinho, onde um candidato foi flagrado transportando eleitores para o local de votação. Foi registrada uma ocorrência policial e o concorrente, liberado em seguida. A Sejus vai analisar o caso, antes de decidir por providências a serem tomadas.

Com o sistema eletrônico, o processo de apuração foi mais rápido que em anos anteriores. Às 20h, a Sejus já tinha os nomes dos novos conselheiros. Em outros mandatos, a votação era feita em papel, e o resultado preliminar podia levar até dois dias após a eleição.


O engenheiro Marcos Porfirio, 43 anos, levou a filha Costanza Porfiro, de 1 ano e 8 meses, para a votação. Para ele, que mora na Octogonal, integrar o eleitorado é parte do papel de cidadão. ;Quando conhecemos o papel de um conselheiro, vemos o quão importantes eles são. Eles são responsáveis por acompanhar crianças e adolescentes, assim como a situação das escolas públicas e de famílias em situação de vulnerabilidade social. É um papel primordial, especialmente aqui na região. As escolas públicas atendem, sobretudo, meninas e meninos de outras áreas, como a Estrutural. Por isso, é preciso escolhermos alguém que realmente queira trabalhar e acompanhar o dia a dia da cidade;, acrescentou o engenheiro.

A consciência da importância da votação para conselheiro tutelar também fez com que Genival Brito, 49, motorista executivo, saísse de casa ontem. ;Esta é a terceira vez que voto e, depois que entendi a importância desta eleição, voto sempre. É muito importante ter esse profissional, porque ele cuida e ajuda em casos em que as crianças sofrem maus-tratos, se forem abandonadas e se houver algum abuso;, afirma.

A autônoma Valdirene Lopes, 40, participou da votação pela primeira vez. Ela explica que, por conhecer o trabalho da candidata que escolheu, viu a importância de contribuir com a garantia dos direitos das crianças e adolescentes. ;Não adianta votar em alguém que você não conhece, que não sabe se vai ter um compromisso com as nossas crianças. Conheço minha candidata e sei que tem tudo a ver com a vaga;, acredita.

Mais de 4,6 mil servidores do GDF, entre voluntários e convocados, trabalharam na eleição. Equipes de apoio, conselheiros do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF (CDCA/DF) e representantes do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) foram os responsáveis pela apuração. O resultado, com o nome de todos os eleitos, está publicado hoje no Diário Oficial do DF e no site do Conselho Tutelar.


Regra nova: experiência

Os novos conselheiros vão tomar posse em janeiro de 2020, ano em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), principal legislação que define os direitos dessa parcela da população, completa 30 anos. O compromisso dos eleitos será zelar por esses direitos e prestar assistência às crianças, adolescentes e famílias das regiões às quais concorreram.

Todos os eleitos ainda passarão por um curso de formação de caráter eliminatório. Só após a aprovação, 200 novos conselheiros tutelares devem, a partir de 10 de janeiro, iniciar a jornada de trabalho de 40 horas semanais, além das escalas de plantão e sobreaviso, com salário de R$ 4,6 mil. Cada conselho é composto por cinco conselheiros tutelares e 10 suplentes.

O processo seletivo para a escolha começou em julho e passou pela aplicação de exame de conhecimento específico, análise de documentação e, agora, pela votação popular. Nas etapas anteriores, os inscritos se depararam com um novo critério: era preciso comprovar experiência de, no mínimo, três anos com ações de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.