Jornal Correio Braziliense

Cidades

Correio debate o papel da imprensa no combate à violência contra a mulher

Coordenadora da editoria de Cidades participou de audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (1º/10)


Os casos de violência contra a mulher estão presentes com frequência nos jornais de todo o país. Consciente da importância do papel do jornalismo, como formadores de opinião, veículos de comunicação têm usado a informação também como uma ferramenta de combate. Nesta terça-feira (1/10), o Correio Braziliense participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o tema.

A audiência, requerida pela deputada federal Flavia Arruda (PL-DF), contou com a presença da coordenadora de produção da editoria de Cidades do Correio, Adriana Bernardes, que compôs a mesa do debate. Na ocasião, Adriana destacou os cuidados que o veículo tem durante a cobertura dos casos e a preocupação de ir além da notícia. "A gente tenta fazer uma abordagem humanista e uma cobertura propositiva. Não é só dar a notícia, a gente faz uma análise, traz especialistas, pesquisadores para discutir a questão", afirmou.

Seja por meio de artigos, matérias especiais ou entrevista com especialistas, o Correio levanta o questionamento sobre o que está levando tantas mulheres a morrerem e o que pode ser feito para acabar com esses casos de violência. "Se a gente não encontrar um novo caminho, esses casos de violência vão virar algo banal, um mero número", destacou a jornalista. Além disso, Adriana enfatizou a importância de informar os canais de apoio e de denúncia.
A deputada federal Flávia Arruda destacou o papel da imprensa no combate à violência e frisou que é pela mídia que a população se informa e fica por dentro dos problemas do país. ;É essa colaboração que cada veículo tem feito que muitas vezes nos norteiam. A gente mal acorda e já recebe uma notícia sobre mais um caso de feminicídio. E fica a pergunta: em que mundo estamos vivendo? É uma cultura arraigada, um machismo que ainda impera;, enfatizou.

Outra participante da mesa, a jornalista Luciana Araújo, da Agência Patrícia Galvão ; parte de uma organização feminista de mesmo nome ; enfatizou a importância do uso do termo feminicídio pela imprensa. "Cada vez mais pessoas na sociedade conseguem perceber a importância de dar nome a um crime por ser mulher, para que a gente possa ter, de fato, políticas públicas capazes de reverter esse cenário", afirmou. Já Renata Varandas, da RecordTV, destacou o desafio das emissoras de televisão em noticiar casos de violência contra a mulher enquanto disputam audiência. ;Eu acho que a gente tem avanços, mas a gente ainda tem muito caminho pela frente, ainda precisa tomar muita consciência;, pontuou.

A audiência também contou com a presença de representantes de movimentos que buscam combater a violência contra mulher. ;A gente precisa que a imprensa esteja sempre atuante conosco, como uma forma de dar força para as mulheres saírem dessa situação e estarem dispostas a denunciar;, comentou a fundadora do Mulheres Feminicídio Não, Lúcia Erineta.

No fim da audiência, a deputada convidou as jornalistas a montarem um grupo de trabalho para a confecção de um documento, uma espécie de manual, que ajude os profissionais da imprensa a fazerem uma cobertura humanista e mais qualificada, para que a cultura do machismo não seja propagada.