No terceiro dia do julgamento de Adriana Villela, o procurador de Justiça Maurício Miranda, representante do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), leu uma carta escrita pela mãe da ré, a advogada Maria Villela, 69, em 15 de setembro 2006 ; ela é uma das vítimas do triplo homicídio. Segundo a acusação, o texto, que trata de assuntos financeiros da família, demonstra que mãe e filha tinham uma relação conturbada. ;Você não é obrigada a conviver conosco, portanto, se não pode mostrar com respeito a que temos direito, evite de nos dirigir a palavra toda hora;, informa um trecho.
Maurício Miranda leu a carta para contestar o depoimento de Rosa Masuad Marcelo, testemunha de defesa ; ao júri, ela detalhou ontem que a família Villela tinha boa relação e que as brigas eram normais, ;coisas de mãe e filha;. Em outro ponto do texto, no entanto, Maria Villela pede para que a filha pare de se meter nos assuntos orçamentários da família e alega que parte das despesas do casal é justamente com a ré.
;Também não precisamos de sua opinião a respeito dos nossos gastos. Eles são feitos com o produto do nosso trabalho honesto;, escreveu a mãe. Durante o julgamento, por diversas vezes, testemunhas de acusação e o próprio Ministério Público informaram que, à época do crime, a arquiteta recebia R$ 8,5 mil de mesada dos pais e não trabalhava, apesar de ter mais de 40 anos quando os pais foram assassinados.
Em outra parte da carta, Maria se mostra preocupada com as atitudes da filha. ;Estamos cansados dos seus destemperos. Se você sofre de agressividade compulsiva, procure um tratamento adequado, porque isso está lhe fazendo muito mal;, sugeriu a mãe. Além disso, a mãe pede para que Adriana pare de usar o telefone para faltar ao respeito com os outros, principalmente com os pais.
No fim do texto, Maria revelou arrependimento por ter dado ;muitas oportunidades; a Adriana sem que ela soubesse aproveitá-las. ;As pessoas que, por um motivo ou outro não sabem respeitar seus semelhantes, mais cedo ou mais tarde, serão excluídos do convívio social, em primeiro lugar, pela família, depois, pela sociedade;, finalizou.
Para a defesa, a carta é antiga e só relata uma briga comum entre mãe e filha. Segundo os advogados de Adriana, há outros textos escritos por Maria que mostram a relação amorosa entre as duas.