Jornal Correio Braziliense

Cidades

Caseiros querem concluir obra na igreja



Desde o assassinato do padre Casemiro, os três irmãos caseiros da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte, evitam deixar o local. ;A gente olha para a obra e esquece que ele não está mais aqui. Era convivência de todos os dias, por muitos anos. Está sendo muito difícil;, disse, em lágrimas, Selio Gonzaga da Costa, o funcionário mais antigo entre os irmãos.

Os cinco cachorros e a ninhada de filhotes criados pelo pároco e pelos caseiros serão doados. ;Cada um que vai dá a sensação de despedida. Bicho também sente falta. Estão com aquele olhar triste, precisando de carinho;, contou Selio. Foi ele quem veio primeiro do Piauí para virar o principal ajudante do pároco na rotina de manutenção e construção da igreja da Asa norte. ;Vim com 16 anos para cá, e esse é o meu único emprego. A gente não sabe o que vai vir. Só temos de esperar em Deus;, acrescentou.

Entre os ofícios que ele aprendeu com o padre estão o de pedreiro e soldador. ;Ele era exigente, inquieto. Se não sabia como fazer alguma coisa, estudava e aprendia. Sempre estava cobrando trabalho bem-feito e era de pegar a mão na massa e fazer junto. Ele me acolheu, praticamente me criou, me abrigou, me ensinou. Não dá para acreditar;, lamentou Selio que, deseja reunir forças para terminar o centro paroquiano tão desejado pelo religioso.

O mais novo dos irmãos, José Gonzaga da Costa, 39, foi o único dos três que também sofreu o ataque dos criminosos. Ele buscava um balde de água para jogar no cimento da obra quando foi surpreendido pelos acusados. No corpo, ainda estão as marcas dos ferimentos provocados pelo arame farpado usado para amarrá-lo. Ele não quis dar entrevista.