Como era fácil gostar do padre Casemiro! As dificuldades com o idioma não o impediam de fazer piadas - que geralmente não dava para entender por causa do forte sotaque. Ele chorava de rir das próprias graças, com uma inocência comovente.
Padre Casemiro construiu a linda igreja que substitui o "puxadinho" com as próprias mãos. Mal tirava a batina e corria para a obra. A essas alturas, já era extremamente amado pela comunidade e já falava bem o português (mas continuava contando piadas que só ele entendia;).
Sorria com os belos olhos azuis, que também lacrimejavam quando ele falava da Polônia. Nascido no pós-guerra, viveu os horrores de uma Europa devastada e viu seu país ser arbitrariamente anexado à União Soviética.
Apesar das saudades, nunca falou em partir. Amava o Brasil e a numerosa família que fez aqui, seus paroquianos, seus filhinhos.
Apesar das saudades, nunca falou em partir. Amava o Brasil e a numerosa família que fez aqui, seus paroquianos, seus filhinhos.
A notícia da morte dele ainda parece um pesadelo. A ficha não caiu. Tento não pensar no horror que aqueles olhos expressaram enquanto lhe roubavam a vida. Antes, visualizo os olhos risonhos, bondosos, cheios de amor. Ainda molhados de tantas gargalhadas depois de contar piadas.. Adeus, "do widzenia", padre Casemiro! Agora vá fazer rir os anjos do céu.