O indicador é calculado desde 2012 e avalia a atividade econômica no DF a curto prazo. Apesar do crescimento de 3,1% na agropecuária; de 1,6% no setor de serviços; e de 0,1% na indústria, o número de pessoas sem trabalho manteve-se em alta: de janeiro a junho, o desemprego alcançou 336 mil pessoas, 6,3% a mais do que nos seis primeiros meses de 2018 (leia Radiografia). No mesmo caminho, o número de contratados, na comparação entre os dois períodos, subiu apenas 0,5% ; de 12.886 para 12.963 pessoas empregadas.
A maior queda no número de ocupados apareceu no setor público, com 3,4% funcionários a menos em relação ao primeiro semestre de 2018. Ao mesmo tempo, subiu a quantidade de trabalhadores autônomos (8,4%), em empresas privadas com carteira assinada (10,5%) e domésticos (12,9%). A construção se destacou na criação de empregos.
Mesmo com as variações no mercado de trabalho, os dados do Idecon/DF mostraram que as famílias têm voltado a consumir e que a inflação está sob controle, segundo explica a gerente de Contas e Estudos Setoriais da Codeplan, Clarissa Jahns Schlabitz: ;Em relação às ocupações, é importante ressaltar o bom desempenho da indústria, em particular na atividade da construção civil. Esse setor tende a se beneficiar das melhores condições de crédito e do aumento da confiança. Vale destacar também a trajetória de recuperação da massa salarial, o que deve contribuir para melhorar a atividade econômica, sobretudo no comércio;, explica.
Franquias
O setor de serviços, responsável por 94,9% da economia do DF, teve peso importante nos resultados. Nesse ramo, o comércio se destacou por reverter uma fase de queda e crescer 0,8% no período considerado. Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF), Francisco Maia afirma que o setor está otimista, especialmente pelas vendas de fim de ano.
Ele acredita que, apesar do fechamento massivo de lojas no início de 2019, o comércio brasiliense tende a se recuperar a partir de outubro. ;A CNC (Confederação Nacional do Comércio) apontou, recentemente, que houve diminuição do endividamento das famílias em agosto. Isso significa que haverá reação no setor. A liberação dos saques do FGTS, ainda que os valores sejam pequenos, também contribui para que tenhamos a perspectiva de um Natal maravilhoso;, comenta.
Ainda no setor de serviços, houve aumento significativo no número de vagas de trabalho criadas no ramo de alojamento e alimentação. Para o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, o cenário deve-se ao interesse na abertura de franquias por parte de empresários. ;Quem está aqui dentro percebe que não é algo muito espetacular, mas há um mercado promissor para quem vê de fora;, analisa. ;A nossa maior preocupação, no entanto, é a concorrência irregular, com o crescimento exacerbado de vendedores ambulantes. Isso coloca em xeque a competição justa, e o governo precisa controlar isso;, cobra Jael.
Reação
A indústria, cujo peso na economia do DF é de 4,7%, foi impulsionada pela construção civil, responsável por 58,8% das atividades econômicas industriais. Apesar do encolhimento de 0,7% nos primeiros seis meses do ano, a construção começou a reagir, segundo a Codeplan. ;O crescimento geral, ainda tímido e aquém do que queremos, deveu-se, principalmente, ao setor imobiliário. Houve mais lançamentos de empreendimentos do que no ano passado. Acredito que isso se acentuará. Quanto à parte de infraestrutura, os contratos têm sido mantidos, e as obras continuam;, destaca Dionyzio Klavdianos, presidente do Sinduscon/DF.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar, o crescimento da indústria se deu de forma pulverizada. Ele considera que houve uniformidade em diferentes setores e que o desempenho do DF superou expectativas. ;Tem sido bom estar com índices acima do nível nacional, porque você demonstra que há políticas boas por aqui e retoma a confiança do empresariado. O setor produtivo não gosta de marasmo, e o empresário quer investir, só precisa do ambiente (adequado);, pontua Jamal.
Na agropecuária, a expectativa de produção era maior, mesmo com a safra diminuta. No segundo trimestre, a produção apresentou melhores resultados, especialmente para culturas como milho e feijão. Mesmo assim, houve perdas expressivas na oferta, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape/DF), Fernando Cezar Ribeiro. ;De modo geral, vemos que a agricultura tem sido a mola propulsora do desenvolvimento em todos os estados, e o mesmo ocorre no DF. Em matéria de grãos e em relação a alguns produtos vendidos no inverno, não teremos muito faturamento por causa da seca. Mas o resultado só virá no próximo ano. A oferta de carnes, especificamente de aves e suínos, tende a crescer por causa do Natal;, antecipa Fernando Cezar.
Radiografia
Confira os índices do emprego no DF nos seis primeiros meses de 2018 e de 2019:
Categorias 2018 2019 Variação
Ocupados 1,33 milhão 1,39 milhão 4,5%
Desempregados 316 mil 336 mil 6,3%
Inativos 862 mil 841 mil -2,4%
Fonte: Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED) ; Distrito Federal / Junho, 2019
Trabalho
Veja os segmentos que se destacaram na criação (%2b) e no fechamento (-) de postos de trabalho:
Setor 2019*
Alojamento e alimentação 1.290
Construção 3.232
Comércio, reparação de
veículos automotores e motocicletas -138
Informação e comunicação -1.661
Saúde humana e serviços sociais 4.607
* Primeiro semestre
Fonte: Índice de Desempenho Econômico do
Distrito Federal, Codeplan / Setembro, 2019