Catarina Loiola*
postado em 14/09/2019 07:00
Comprar passagens em rodoviárias ou pelos sites das empresas deixou de ser a única forma de se locomover de ônibus entre cidades brasileiras. Um aplicativo conhecido como ;Uber dos ônibus; une empresas que fretam esses veículos e pessoas interessadas em trajetos intermunicipais. Em Brasília há cerca de quatro meses, o serviço já intermediou mais de 380 viagens para Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
O aplicativo é fruto de uma startup ; empresa jovem normalmente de base tecnológica. De acordo com o fundador, as startups costumam surgir com a solução para algum problema. ;Há poucas opções para viajar de ônibus, normalmente só uma empresa para determinado local. Com a falta de alternativa, os preços sobem;, destaca Marcelo Abritta. ;A Buser propõe o fretamento colaborativo. Em vez de irem à rodoviária comprar a passagem individualmente, as pessoas se juntam em um grupo no aplicativo, que ajuda a fretar o veículo, diminuindo o preço.;
A novidade chegou ao Distrito Federal após intermédio de companhias de fretamento de São Paulo e Minas Gerais. ;A presença em Brasília vai ficar maior quando estabelecermos conexões mais regionais aqui;, avisa Abritta. Ainda segundo o empresário, a startup tem 24 funcionários e gera mais de 200 empregos indiretos. A meta é que, nos próximos 12 meses, outros 80 empregos formais sejam criados. Com funcionamento 100% on-line, diariamente são atendidas 1,6 mil pessoas em média. Atualmente, mais de 1,5 milhão estão cadastradas.
De acordo com Abritta, a startup recebe investimento de fundos que já aplicaram em outras empresas de serviços, como iFood, Rappi, 99 e Loggi.
Demanda familiar
A startup nasceu em 2017, um ano depois de Marcelo precisar levar sua família de Minas Gerais para seu casamento em Arraial d;Ajuda (BA). O engenheiro percebeu que fretar um ônibus valia mais a pena do que comprar as passagens individualmente.
Ele e seu futuro sócio, Marcelo Vasconcelos, fizeram contas e concluíram que a economia com esse tipo de serviço poderia ser de até 60%. Após um período de amadurecimento da ideia, a dupla criou uma página no Facebook, que, com uma semana, alcançou 10 mil seguidores.
No entanto, a primeira viagem intermediada pela empresa foi impedida devido a um pedido judicial do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Minas Gerais. A entidade alegou que se tratava de transporte clandestino. ;Onde já se viu transporte clandestino que declara onde vai embarcar, que horas, com quais passageiros, emite nota fiscal, tira autorização de viagem e tem dois seguros?;, questiona Marcelo.
No momento, a empresa intermedeia viagens de 90 veículos de fretadores nos fins de semana e de 70 em dias úteis. ;Nunca imaginei que seria tão rápido. O impacto não é reflexo nosso. Qualquer um que tivesse visto aquilo como a gente viu teria a chance de ter sucesso também;, acredita o sócio-fundador.
GPS
De acordo com Abritta, a segurança do ônibus da rodoviária é a mesma que a do ônibus fretado. ;Temos GPS e equipe 24 horas para saber onde o ônibus está o tempo todo, e os veículos das concessionárias, na maior parte, ainda não têm;, compara. ;O fretamento é o mesmo processo que qualquer outro, a diferença é que ninguém se conhece pessoalmente; as pessoas se encontram através da plataforma da Buser.;
Marcelo é engenheiro aeronáutico por formação e já teve outras duas empresas, que não deram certo. ;Pouco tempo atrás, falir era ruim. Lá fora, eles pensam que, depois de quebrar duas vezes, o cara já sabe como fazer. Aí na terceira ele acerta.; Para ele, o Brasil está em ótimo momento para empreender, por ser ;um país imenso com um mercado gigantesco e com serviços muito ruins, que precisam de empresas para os transformar;.
* Estagiária sob supervisão de Marina Mercante