Há 59 anos, Brasília ganhava o seu primeiro e principal terminal de ônibus. Em 12 de setembro de 1960 era inaugurada, no meio das asas do avião projetado por Lúcio Costa, a Rodoviária do Plano Piloto. Mais que um lugar para embarque e desembarque, surgia ali também um ponto de encontro, de comércio e cenário para diversas histórias, por onde passam cerca de 700 mil pessoas de todos os cantos do Distrito Federal.
Raimundo José Silva, 69 anos, lembra bem do lugar quando veio para capital. "Eu cheguei aqui antes da inauguração da cidade e da Rodoviária. Vim do Ceará, passei 19 dias na estrada", conta. Seu Raimundo morou durante anos na Vila Planalto e hoje reside em Águas Lindas (GO), mas vem ao terminal no Plano Piloto com frequência. De cima da plataforma superior, ele aponta as mudanças. "A rodoviária tinha umas TVs nas colunas e não era tão movimentada como é hoje. Nesse tempo, não existia o Conic e nem o Shopping Conjunto Nacional", recorda. O aposentado ainda mostra com orgulho o local onde ficava a lanchonete em que ele conseguiu o seu segundo emprego de carteira assinada.
Se a rodoviária já foi local de trabalho para seu Raimundo, hoje é no terminal que o Jonso Oliveira, 40, garante a renda para se sustentar. O comerciante tem uma banca de acessórios para celular e trabalha na rodoviária há cerca de 20 anos. "É um pouco sofrido o dia a dia aqui, porque é muito tumultuado e bagunçado, mas é bastante movimentado e isso é ótimo para o comércio", garante. O vendedor Edmar de Souza, 43, concorda. Ele trabalha em uma banca de calçados e comenta que a bagunça de gente indo e vindo torna o trabalho mais divertido. "Aqui é um bom ponto de venda. Nós acabamos convivendo com todo tipo de gente;, diz.
Além de ser um terminal de ônibus, as bancas e lojas garantem de tudo um pouco para a população. No local, os cidadão podem comprar roupas, calçados, comida, acessórios, itens de telefonia, doces, papelaria, remédio, cosméticos, serviços de beleza, jornal, entre outros produtos. Para a moradora de Ceilândia e estudante Thais Lopes, 23, esse é o principal aspecto positivo da rodoviária. "A gente encontra de tudo aqui. Tem muitas coisas variadas. A gente acaba tendo acesso a diferentes produtos em um só lugar", comemora.
Estrutura
Em agosto, o Correio mostrou a dificuldade que as pessoas enfrentam com as escadas rolantes e elevadores quebrados. Nesta quarta-feira (11/9), a reportagem percorreu o terminal e encontrou seis das 12 escadas funcionando. Outras passavam por manutenção. Em nota, o Governo do Distrito Federal (GDF), informou que ;investiu R$920 mil para que as 12 escadas rolantes e os seis elevadores voltem a funcionar;. A previsão é que até o fim de setembro os equipamentos estejam disponíveis novamente para a população.
Além da manutenção das escadas, o administrador do terminal, Josué Martins de Oliveira, afirma que outras melhorias estão sendo feitas: ;Limpeza, organização, sinalizações, iluminação, reforma dos banheiros e estamos retornando também com a vigilância armada e patrimonial para a rodoviária;, cita. ;Estamos trazendo também postos para os bombeiros militares e para a Polícia Civil, além de um núcleo de atendimento à saúde, para casos emergenciais e padronização das lojas;, completa.
Em julho, o GDF anunciou um pacote de obras de reestruturação na rodoviária, após especialistas apontarem que parte da estrutura tinha risco de desabar. O pacote emergencial ficou orçado em R$ 1,192 milhão, e abrange apenas reparos essenciais. Entre as ações, está a demolição e reconstrução de parte das duas extremidades da plataforma superior e a reestruturação de pontos estruturais e críticos. A previsão é que as obras sejam concluídas ainda neste semestre.
Comemoração
Para celebrar os 59 anos da rodoviária, o GDF promove nesta quinta-feira uma festa para a população que frequenta o terminal. Além de apresentações musicais, a festa ainda traz atividades, como aulas de zumba, oficinas de artesanato e avaliação física. Confira a programação.