Um preso do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, é acusado de comandar ataques a caixas eletrônicos do Distrito Federal. As investigações da Polícia Civil do DF apontaram que, de dentro da cadeia, Romário Carvalho dava instruções a uma quadrilha de Brasília de como arrombar os terminais bancários, além de terceirizar equipamentos para a atuação dos criminosos. Batizada como Toch, a operação foi divulgada, ontem, pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri).
Os policiais prenderam seis pessoas no DF, uma em Tocantins e outras duas estão foragidas, acusadas de envolvimento com os crimes. A polícia ainda busca identificar mais um suspeito. As prisões ocorreram em 27 e 29 de agosto em Samambaia e no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Durante as ações, foram apreendidos maçaricos, luvas, ferramentas e outros objetos relacionados aos crimes.
O delegado Fernando Cocito, da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), confirma que Romário passava as instruções ao grupo por telefone. Nos áudios das interceptações, liberadas pela Justiça, o preso dá explicações de como o grupo devia agir, inclusive sobre onde teriam que fazer os cortes e o que usariam. ;Dúvida você não vai ter nenhuma. Está tudo detalhado, passo a passo;, diz ele em uma das gravações.
As investigações ainda apontam que Romário e um comparsa do DF contavam com ajuda das companheiras. Um casal foi flagrado recebendo peças na Rodoviária Interestadual de Brasília, que vinham de Gurupi (TO), encaminhadas por outros dois integrantes da organização. A Polícia Civil acredita que a mulher do preso do Maranhão era quem repassava as instruções do marido para o grupo do DF e fazia a transferência de dinheiro para aquisição do material do arrombamento. A acusada foi presa em Samambaia, em 27 de agosto.
Coronhadas
As investigações começaram há cerca de um mês, após o ataque a um caixa eletrônico no Centro de Saúde 3, no Riacho Fundo. O crime ocorreu no dia 11 do mês passado. Durante a ação, os bandidos renderam o vigilante e tentaram arrombar o caixa com um maçarico. Sem sucesso, eles agrediram o funcionário com socos, pontapés e coronhadas e fugiram levando o revólver dele. ;Nós partimos do ataque do Riacho Fundo, entrevistamos as pessoas. Tínhamos algumas interceptações em curso, e isso (a informação sobre Romário) acabou chegando para a gente;, conta o delegado Cocito.
A polícia também investiga a participação do grupo no ataque a um caixa eletrônico na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Asa Norte, em 6 de junho. No crime, os bandidos também não conseguiram levar o dinheiro. ;Nós temos um trabalho pericial que mostra a semelhança entre os dois ataques. Pela forma como chegaram ali, o tempo em que a vítima ficou subjugada, o emprego de presilhas plásticas, coronhadas, além das formas de ranhuras nos caixas que mostram o mesmo tipo de maçarico;, justifica o delegado.
As investigações sobre o ataque à OAB são de responsabilidade da Polícia Federal, mas a Polícia Civil do DF vai compartilhar as apurações com a PF. Os policiais agora buscam identificar o outro integrante do grupo e prender os demais envolvidos.
A Corpatri ainda informa que a Vara de Execução Penal pediu que Romário seja encaminhado de Pedrinhas, onde está preso preventivamente acusado de arrombar caixas no estado, para o complexo da Papuda. Se condenados, os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa e roubo. A pena pode chegar a 15 anos de reclusão.