A delegada responsável pelo caso, Bruna Eiras, conta que o acusado e Pedrolina eram vizinhos. ;Os dois moram no Paranoá Park, e uma denúncia anônima informou que João já tinha assediado a assistente social mais de uma vez. Quando fomos entrevistá-lo, ele confirmou o fato;, disse a representante da 1; DP. O crime foi premeditado, segundo ele. O acusado detalhou que entrou no mesmo ônibus que a vítima, no domingo, e que desceu uma parada após ela desembarcar, na L4 Sul. ;Depois, fez o caminho retornando, encontrou com ela, a puxou pelo braço e ameaçou estar com uma faca. Ele disse que a estuprou em um matagal e depois a matou, para ocultar o crime sexual;, informou a delegada.
João afirmou que cometeu o assassinato por asfixia, mas um laudo da morte de Pedrolina mostrou que a causa do óbito foi esgorjamento, que é o corte por faca na região da frente do pescoço. O objeto utilizado ainda não foi encontrado. As investigações ainda estão sendo realizadas, para apurar detalhes e confirmar a versão do acusado. Por isso, ainda não está concretizado por quais crimes ele será indiciado.
Mais crimes
;Talvez ele responda por feminicídio, por ter essa relação próxima com a vítima. Mas ainda está sendo analisado. Outro ponto que tem que ser avaliado é se houve a violência sexual, que ele confessa. Estamos aguardando a confirmação do Instituto de Medicina Legal (IML) para definir;, afirmou Bruna. Caso seja confirmado o feminicídio, este seria o 20; crime deste tipo no ano no DF. Em 2018, 29 mulheres foram assassinadas na capital, e em 2017 a capital registrou 18 vítimas.
Para a delegada, João Marcos pode ter cometido outros crimes semelhantes na região do Lago Sul. ;Com a prisão dele, podemos investigar outros casos em aberto. Como temos o material genético do detido, pegamos a forma de atuação e comparamos com possíveis vítimas. Então, caso alguém o reconheça nas imagens, pedimos para que procure a Polícia Civil para registrar a ocorrência;, solicitou Bruna Eiras. Um detalhe que chamou atenção dos investigadores foi que o assassino confesso não apresentou muitas preocupações em ser encontrado, pois utilizou a mesma roupa nos crimes de domingo e terça-feira.
Essas informações colhidas e falas desconexas em alguns momentos do depoimento de João fazem com que a polícia desconfie de algum tipo de transtorno mental. ;Há indícios de que ele tenha algum distúrbio, então vamos fazer as avaliações necessárias;, contou a delegada. Ele já tem passagem pela polícia por tráfico de drogas e roubo, ocorrências de 2017 e 2018, e mora com o pai no Paranoá.
Sepultamento
O corpo de Pedrolina Silva, mais conhecida como Lina, será sepultado, nesta quinta-feira (5/9), no Cemitério de Taguatinga, às 11h. Ela foi lembrada por familiares, amigos e vizinhos pela personalidade acolhedora, calma e por ser muito trabalhadora. Formada em serviço social em 2017, fez pesquisas sobre a violência contra a mulher para o trabalho de conclusão de curso (TCC), entregue na Universidade Católica de Brasília (UCB). ;Era muito tranquila, se dava bem com todo mundo. Quando soubemos da morte dela, ficamos chocados. Porque é algo assustador ver notícias de mortes de mulheres, como temos visto. Mas quando acontece com alguém próximo de nós, a sensação é ainda pior;, disse Esmailde Caetano, 48, vizinha de Lina.
O ataque
Às 9h36 de domingo, Pedrolina enviou uma mensagem de áudio a uma amiga, avisando que havia chegado na parada de ônibus da L4 Sul, onde se encontrariam para irem a um clube. Cerca de seis minutos depois, no entanto, ela foi abordada por João Marcos. Câmeras de segurança de uma universidade flagraram o momento em que ele se aproxima rapidamente da vítima e os dois entram em uma luta corporal. Em seguida, ela é arrastada para fora do alcance das imagens até uma área de mata fechada, onde foi morta.