Isa Stacciarini
postado em 04/09/2019 07:31
Um preso do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, comandou ataque a um caixa eletrônico no Distrito Federal. Dentro da cadeia, Romário Carvalho de Moura deu instrução a dois comparsas de como arrombar o terminal eletrônico e também forneceu equipamentos. Para a Polícia Civil, ele é o líder da organização criminosa.
Além do Romário, outras seis pessoas foram presas preventivamente no Distrito Federal e duas estão foragidas acusadas de participação na associação criminosa. ;Ele estava com um telefone na prisão, mandou os maçaricos e ensinou o grupo aqui em Brasília a arrombar os caixas, afirmou o delegado Fernando Cocito, da Delegacia de Divisão de Repressão a Roubos e Furtos.
Em um dos áudios, o acusado diz ;está tudo explicado. Dúvida você não vai ter nenhuma. Está tudo detalhado passo a passo;. Apesar das instruções, o delegado afirma que o grupo de Brasília não teve sucesso nas ações. ;Embora ele tenha ensinado, eles foram em dois ataques e não conseguiram levar o dinheiro;, destacou Cocito.
A investigação durou aproximadamente um mês, desde que o grupo tentou levar dinheiro do caixa do Banco de Brasília (BRB), no Centro de Saúde 3 no Riacho Fundo. O crime ocorreu na madrugada de 11 de agosto. Armados, eles renderam o vigilante da unidade de saúde e tentaram arrombar o terminal com um maçarico, mas não conseguiram ter acesso ao dinheiro. Eles fugiram levando o revólver e o celular do vigilante. A vítima ainda recebeu socos, pontapés e coronhadas.
Com as investigações, a Polícia Civil desvendou que o preso do Maranhão e um comparsa do DF contavam com a ajuda das companheiras, que integravam a organização criminosa de ataque a caixas eletrônicos com uso de maçarico.
A mulher do preso de São Luis era quem repassava a ordem do marido aos comparsas do DF. De acordo com a investigação, ela era que fazia a transferência de dinheiro para aquisição do material de arrombamento. A companheira de um dos executores do crime na capital fazia a ponte entre o marido e o preso do Maranhão.
Para a Polícia Civil, ela ajudava na preparação, inclusive recebendo e guardando peças de maçarico Durante as investigações, o casal foi flagrado recebendo algumas das peças na Rodoviária Interestadual de Brasília. O material seguiu de Gurupi (TO) até o DF, encaminhados por outros dois integrantes da organização criminosa: uma mulher e um homem.
Prisão
O comparsa que atuou no ataque em agosto e as duas mulheres, uma companheira dele e a outra companheira do preso do Maranhão, foram presos em 27 de agosto, em Samambaia. Em uma das casas, policiais encontraram os maçaricos utilizados no ataque.
A mulher que encaminhou as peças de Tocantins para o DF foi presa em 28 de agosto, mas dois homens estão foragidos: um deles do estado de TO e o outro que atuou como comparsa no ataque ao caixa eletrônico na unidade de saúde.
Com as prisões, investigadores da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) também descobriram que o ataque ao caixa eletrônico contou com a ajuda de dois outros homens, pai e filho. O pai, inclusive, já havia sido preso em 2016, por idênticos ataques a caixas eletrônicos.
No carro dele, policiais encontraram ferramentas, luvas e fixadores plásticos idênticos aos utilizados no ataque ao caixa eletrônico do centro de saúde. Pai e filho foram presos em 29 de agosto, quando deixavam o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no SIA.
Os acusados estão presos preventivamente, por tempo indeterminado. Se condenados, eles irão responder pelos crimes de organização criminosa e roubo
Encaminhamento do preso para DF
O líder da organização criminosa está preso preventivamente no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, por ataques a caixas eletrônicos, mas a Vara de Execução Penal (VEP) determinou o seu recambiamento para o Complexo da Papuda.
De acordo com os investigadores, há indicação de que os investigados tenham participado do ataque ao caixa eletrônico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ocorrido na Asa Norte em 6 de junho de 2019.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, mas a Polícia Civil encaminhará parte do inquérito para a PF.