A memória de mulheres assassinadas e a conscientização para evitar novas vítimas foram marcas de um ato em Planaltina, na manhã deste domingo (1/9). A Caminhada Feminicídio Não foi organizada por moradores da região e reuniu centenas de pessoas em frente à Feira Permanente.
Entre os presentes, estiveram familiares de Genir Pereira, 47 anos, morta em junho de 2019 por Marinésio Olinto, 41. A filha da diarista se emocionou com as palavras entoadas no protesto. "Minha mãe era uma pessoa alegre, trabalhadora, que foi mais uma mulher vítima de violência. A insegurança nos deixa muito vulneráveis e precisamos de apoio", disse Jaiane de Sousa, 22.
Um pedido recorrente das participantes do ato é por transporte público de qualidade, como contou a organizadora da caminhada, Jéssica Grigorio, 23. "Se nós, mulheres, tivéssemos mais opções de ônibus, não precisaríamos de carro pirata. Isso evitaria muita insegurança." Ela também antecipou que o grupo organizador da manifestação fará um abaixo assinado para pedir a volta dos micronibus, que promoveriam uma maior circulação de transporte.
Amiga de Letícia Curado, Aise Rodrigues, 26, também esteve presente no evento. Ela representou a família da advogada no ato, pedindo por justiça. "Queremos que cada caso de violência contra mulher denunciado seja investigado com responsabilidade, para que isso evite o pior. Temos que entender que são vidas que estão em risco", afirmou.
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A caminhada passou ainda em frente à 16; Delegacia de Polícia (Planaltina). Manifestantes no trio elétrico ressaltaram a importância de vítimas registrarem ocorrência contra os agressores e pediram por mais políticas públicas voltadas para mulheres.
Entenda o caso
A mobilização ocorre após a divulgação da prisão de Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos. Ele confessou ter assassinado a advogada e funcionária terceirizada do Ministério da Educação, Letícia dos Santos Curado, 26, em 23 de agosto. O homem se passava por motorista de transporte pirata para abordar as vítimas.
Além de Letícia, Marinésio confessou ter matado Genir Pereira de Sousa, 46. A morte de Genir foi confirmada em 12 de junho, 10 dias depois de seu desaparecimento. No dia 1; daquele mês, um sábado, ela saiu da pizzaria onde trabalhava acompanhada de um homem com quem mantinha um relacionamento e passou a noite com ele.
Em 2 de junho, ela saiu da casa desse companheiro e foi até o condomínio onde a patroa, dona da pizzaria, morava, no Paranoá. Imagens de câmeras de segurança mostram que ela chegou por volta das 7h30 e saiu aproximadamente 10 minutos depois. Antes disso, por volta das 6h, ela telefonou para o filho, o padeiro Leonardo Araújo, 29 anos, dizendo que mais tarde iria para casa, mas nunca mais voltou.
Após a confissão das duas mortes, surgiram outras denúncias contra Marinésio. A Polícia Civil investiga todas elas.