;Namorado mata mulher a facadas no meio da rua em Samambaia;. ;Cozinheiro preso confessou ter assassinado Letícia Sousa;. ;Polícia trata caso de mulher morta em Vicente Pires como feminicídio;.
Infelizmente, não são casos isolados! De janeiro a junho de 2019, 14 foram as vítimas de feminicídio no Distrito Federal, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Os dados são alarmantes: Brasília, Taguatinga e Gama disputam as três primeiras posições no ranking de regiões administrativas mais perigosas para ser mulher, concentrando, juntas, mais da metade dos crimes em todo DF. O mais trágico disso é que 65% dos autores são os próprios maridos/companheiros, que, em quase totalidade dos casos, dividem o mesmo teto que as vítimas.
E o maior motivo, qual seria? Ciúme! À primeira vista, atitudes que justificam o ;medo de perder;, ;excesso de amor;, ;tempero do relacionamento; podem parecer muito românticas, se não ocultassem o descontrole emocional do agressor. Já conhecido por advogados, policiais, juízes e promotores, tal descontrole faz parte do ciclo da violência doméstica, que nada mais é do que conjunto de comportamentos capaz de identificar relacionamentos abusivos, caracterizados por uma sequência de ofensas, críticas duras ao trabalho ou à aparência da mulher (fase 1, aumento da tensão), seguidas de agressão psicológica e/ou física (fase 2, ataque violento), e posterior etapa perversa, a de promessas de mudança de comportamento, (fase 3, lua de mel), na qual o parceiro se redime com a alegação de que foi um único descontrole.
Após essa fase, retorna-se à fase 1, num looping cruel, que, muitas vezes, se encerra com a morte da vítima. Se você se identificou com alguma dessas partes, procure ajuda.
Diante dessa constatação, o objetivo da Lei n; 13.104/2015 (Lei do Feminicídio) é reduzir as taxas de homicídio feminino, com penalidade de reclusão de 12 a 30 anos, tornando-as inafiançáveis e imprescritíveis, ou seja, mais rígidas no país, que é o sétimo onde mais se mata mulher no mundo.
Fiquem atentas ao mínimo sinal de agressão: afastem-se, liguem no 180, façam uso das medidas protetivas, falem com alguém de sua confiança, pois o comportamento do agressor não melhora.
E a todos nós, cidadãos, briga de marido e mulher se mete a colher, sim! Seja empático, acolha, ofereça ajuda, talvez aquela vítima não tenha uma rede de apoio para sair do ciclo de abuso. Façamos nós a nossa parte para um mundo menos violento para as nossas filhas.
* Mônica Chagas dos Santos e
Aline Portela Bandeira, advogadas