Jornal Correio Braziliense

Cidades

Secretária alerta para a denúncia



A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, afirmou ontem que o Governo do Distrito Federal está preparado para acolher mulheres em situação de violência doméstica ; de atendimentos psicossociais a processos judiciais. O mais importante, no entanto, é que a vítima denuncie o agressor. ;Se ela não fizer isso, o poder público não pode agir;, disse Ericka, durante o programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília.

A pasta trabalha com o número de 15 mulheres vítimas de feminicídio no DF até agosto, sem contar o caso de Letícia Curado e todos os relacionados a Marinésio dos Santos Olinto. ;Esse caso que vimos é completamente fora do que a gente estuda, do que a gente entende e luta de políticas públicas preventivas. O crime de feminicídio é um crime de difícil prevenção, mas de fácil elucidação;, explicou a secretária. Pesquisa da Secretaria de Segurança Pública mostra que a maioria das vítimas de feminicídio é morta pelo próprio companheiro ou pelo ex-marido. ;Infelizmente, esse caso vai ser muito importante para que outros sejam vistos de outra forma;, acrescentou.

Ericka também reconheceu que o governo tem de trabalhar para construir espaços mais seguros. ;Se uma cidade for segura para mulheres, será segura para todos. O que identificamos é que, a partir do caso Letícia, aconteceram outros casos, e o governo realmente precisa trabalhar e melhorar isso;, ressaltou. E, mesmo quando há fatores de risco, é preciso garantir que a vítima não seja culpabilizada pelo crime. ;A vítima é vítima, não culpada. Porque, senão, justificamos todos os crimes e mais uma vez reforçamos uma cultura machista. Não é isso que queremos traçar como estratégia;, defendeu.

Para trabalhar a questão do feminicídio e da violência contra a mulher, a secretária destacou que é preciso integrar outras pastas do governo, por exemplo, a Secretaria de Segurança Pública, e até a iniciativa privada. ;Hoje, temos uma secretaria de Estado que tem poder para articular com outras pastas. E isso é muito importante: colocar a questão do feminicídio, da violência doméstica, e de trabalhar a promoção da mulher, no mesmo patamar de outras pastas. A gente tem visto o resultado dessas parcerias;, afirmou.

Ericka também destacou a atuação do trabalho das secretarias nas escolas, ao orientar crianças e jovens sobre a questão da violência; nas comunidades, ao colocar assistentes para conversar com a comunidade; e nas universidades, no sentido de conseguir parcerias para pesquisas.

Medidas protetivas

Apesar das denúncias de violência contra a mulher terem aumentado neste ano em comparação com 2018, a secretária explicou que o governo enxerga os dados de forma positiva. ;O número de denúncias aumentar não é um alerta de preocupação. O que nos alerta é o aumento do feminicídio. Hoje, a gente está com um número semelhante ao do ano passado. Então, precisamos trabalhar bastante ainda para que as pessoas tenham a coragem de denunciar, mas, mais do que isso, para que a gente possa implementar essas medidas protetivas;, afirmou.

Sobre as estimativas de orçamento para o combate à violência no próximo ano, Ericka explica que ainda não há um valor estimado, mas disse que a pasta quer garantir a continuidade de todos os serviços prestados. Também informou que a secretaria espera a nomeação de 340 servidores para auxiliar nos programas da pasta. A ideia é também implementar outro projeto na Casa da Mulher Brasileira. ;Nessa última, precisamos de recursos; então, vamos articular bastante e também vamos pedir para o governo federal;, adiantou.