Jornal Correio Braziliense

Cidades

''Quem quiser barrar, que vá à Justiça'', diz Ibaneis sobre PM em escolas

O governador voltou a dizer que vai levar o modelo de gestão compartilhada às seis escolas selecionadas para dar continuidade ao modelo, inclusive as duas que tiveram resultado contrário em votação no sábado

O governador Ibaneis Rocha voltou a dizer, nesta segunda-feira (19/8), que deve aplicar o modelo de gestão compartilhada com a Secretaria de Segurança Pública nas duas escolas que rejeitaram a proposta. Ao todo, duas das cinco unidades de ensino que votaram no último sábado (17/8), decidiram não aceitar o modelo: o Gisno, na Asa Norte, e o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 407, em Samambaia.
"Eles não têm que aceitar ou deixar de aceitar. É feita uma consulta pública para que as pessoas tenham entendimento do que está acontecendo. Infelizmente, o sindicado comprou isso como uma eleição", disse o governador, ao fazer referência ao Sindicado dos Professores (Sinpro-DF), que se posiciona contra a medida.

"Em vez de tentar esclarecer a população, tentaram confundir. Esse é um projeto de governo. Quem quiser barrar, que vá à Justiça", declarou Ibaneis. "Não vou deixar a cidade ser aprisionada por uma esquerda que ficou no passado, tendo a oportunidade de governar e não fez nada para a sociedade", acrescentou, ressaltando que os profissionais que não concordam com a estratégia podem pedir transferência para outras unidades.
O diretor do Sinpro Samuel Fernandes considera que as eleições foram democráticas e que a decisão do governo de militarizar as escolas independente do resultado é "intransigente". "Não dá para o governador aceitar o resultado só quando é favorável ao governo. Quando a comunidade vota contrário à intervenção, ele quer decidir numa canetada só e mudar as regras", argumentou.

O sindicado também não descarta seguir o conselho de Ibaneis e tentar resolver o problema na Justiça. "Se for necessário, nosso jurídico está preparado. Ele está vendo a melhor forma de agir. E se for preciso, entraremos sim com uma ação na Justiça para garantir o resultado das eleições", afirmou.

Esfaqueamento

A segunda-feira foi marcada por atos contrários e favoráveis à militarização em frente às escolas. No CEF 407, onde a comunidade escolar se mostra dividida, pais e alunos pediram a implementação do modelo compartilhado. Horas depois, um estudante foi esfaqueado em frente ao colégio, o que foi comentado por Ibaneis. "As escolas que estão funcionando com esse modelo desde o começo do ano não tiveram um caso de violência sequer. Sem contar a pacificação que houve nas regiões que eram violentas", argumentou.
A meta do governo é ter 40 escolas militarizadas até 2022. O governador acrescentou que, nas próximas escolas selecionadas para receber o modelo, serão realizadas votações, pois elas ajudam a explicar a proposta para professores, alunos e responsáveis. "Isso não é uma disputa entre esquerda e direita ou entre o sindicado e o governo. O governo tem sua posição e vai implementar [o modelo] nas escolas", concluiu.