Mais uma denúncia de negligência recai sobre o Hospital Regional de Samambaia (HRSam). A família de Yasmin Campos Vieira Lima, 17 anos, acusa a instituição de ter sido responsável pela morte da jovem. Na última segunda-feira (12/8), a moça, grávida, entrou em trabalho de parto e deu entrada no hospital por volta de 1h de terça-feira. Às 2h20, a bebê Alice nasceu.
Até o momento, a jovem aparentava estar bem de saúde, mas, depois de ir para o quarto, os parentes contam que Yasmin passou a ter febre alta e sentir muitas dores de cabeça e no local onde precisou levar pontos após o parto. Ela também teve diarreia e não conseguia se alimentar. Vanessa Baldez, 31 anos, é amiga de Yasmin e conta que, apesar do quadro, os médicos decidiram dar alta.
Segundo Vanessa, os profissionais de saúde disseram que a dor de estômago da adolescente era causada por gases. ;Passaram para ela tomar sulfato ferroso porque ela estava extremamente fraca. A pressão chegou a 5x3 e a febre não cedeu. Alegaram que era por causa da amamentação que ela não estava conseguindo fazer;, recorda.
Em casa, os sintomas continuaram até que, na quinta-feira (15/8), Yasmin desmaiou e a mãe decidiu voltar ao HRSam. A família teria solicitado uma ambulância ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas foi informada de que não havia veículo disponível. Diante disso, mãe, filha e neta pediram um carro por aplicativo e só assim conseguiram chegar.
No hospital, a jovem foi imediatamente levada para a Sala Vermelha, mas logo em seguida, morreu. ;Eles alegaram que ela chegou com parada cardíaca mas omitiram que ela teve alta após um quadro que não era para existir após um parto normal. Não deram a atenção devida ao que ela tinha;, reclama Vanessa.
Yasmin foi sepultada neste sábado (17/8). Inconformados, os parentes registraram ocorrência na 26; Delegacia de Polícia (Samambaia), que vai investigar o caso. ;Os exames comprovam que ela não teve uma gravidez de risco. Muito pelo contrário, foi tranquila e ela estava super feliz;, destaca Vanessa.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que, segundo o Hospital Regional de Samambaia, a paciente fez o parto normal no último dia 13 e recebeu alta médica no dia 14.
O órgão não informou sobre o estado de saúde da jovem no momento na alta. De acordo com a nota, ela deu entrada, novamente, na manhã de quinta-feira (15/8), às 8h50, já em parada respiratória e a equipe do pronto-socorro tentou reanimá-la, ;realizando todos os procedimentos possíveis, sem sucesso, constatando o óbito às 9h30;.
A causa da morte não foi constatada e a perícia foi solicitada ao Serviço de Verificação de Óbito.
Campanha
Com a morte de Yasmin, a família iniciou uma campanha para arrecadar fraldas e leite para a bebê Alice. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelos telefones: 9.8485-2001 ou 9.8462-4537
Falhas
Esta não é a primeira acusação contra o HRSam. O governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou a instauração de uma Comissão de Sindicância para apurar pelo menos 14 casos de negligência médica e violência obstétrica registrados no local. Os episódios denunciados por vítimas são investigados pela Polícia Civil, pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e pelo Conselho Regional de Medicina do DF (CRM/DF).
O governador decidiu manter o diretor do HRSam, Luciano Moresco. Além disso, os médicos sob investigação não serão afastados preventivamente. ;Luciano foi nomeado no início do ano, e a maioria dos casos denunciados ocorreu em 2018. Sob a gestão dele, até então, o hospital não havia dado problema;, disse Ibaneis.