A Secretaria de Educação decidiu propor o projeto de militarização a essas cinco escolas após análises do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e das ocorrências criminais nas regiões onde elas estão situadas. As instituições escolhidas apresentaram dados que preocuparam o GDF, pelo rendimento institucional abaixo do esperado e pelo alto índice de criminalidade na cidade situada.
Com 1,4 mil alunos entre 11 e 19 anos, o Centro de Ensino 1 do Itapoã, por exemplo, tem graves problemas com violência. ;Nosso tempo é ocupado indo às delegacias levar alunos com facas e drogas, indo separar brigas em corredores, repreendendo tráfico de substâncias nos banheiros. É difícil conviver com isso, porque nossa formação é pedagógica, não somos forças policiais e não estamos aptos a tratar dessas questões;, contou a diretora, Liesi Beatriz Maciel, que defende a militarização.
Por outro lado, o professor de língua portuguesa na unidade Luiz Mathias diz que as soluções apresentadas pelo governo são imediatistas e não valorizam os profissionais da sala de aula. ;Somos constantemente massacrados e não temos as condições mínimas de trabalho; então, é claro que assim surgem problemas. Mas o ideal seria dar aos professores as ferramentas para melhorar os índices, não trazer militares para que eles resolvam do jeito deles;, ressalta. Fundado em 2015, o centro de ensino não tem psicólogo nem monitor.
Expansão
O secretário de Segurança Pública, Anderson Gustavo Torres, garantiu que o modelo faz com que cada pasta envolvida apresente soluções sem que uma interfira na outra. ;Estamos chegando para ajudar, não vamos misturar as coisas. Não há a menor chance de os militares prejudicarem o trabalho dos professores.; O GDF prevê 40 colégios com esse modelo até o fim do governo atual. No último sábado, o Centro de Ensino Fundamental do Condomínio Estância III, em Planaltina, aprovou a gestão, com 59,69% de votos a favor.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou nesta sexta-feira (16/8) o resultado de uma pesquisa sobre o modelo de gestão compartilhada, após ouvir 1252 pessoas, entre estudantes, professores, servidores e militares que trabalham ou estudam nas escolas militarizadas. Segundo o levantamento, 60,8% dos professores concordam que o novo método fez da escola um lugar melhor para trabalhar. Já 54,4% dos alunos responderam que preferem a escola como era anteriormente.
O Sindicato dos Professores (Sinpro) questiona os dados. Por meio de nota oficial, destaca que o levantamento ;revela que a intervenção militar não agrada estudantes; e que, para 49,68% deles, as escolas compartilhadas não tiveram melhorias significativas que justificassem o modelo.