Trabalhadoras rurais de todo país participaram da Marcha das Margaridas, que percorreu cerca de seis quilômetros, do Pavilhão do Parque da Cidade até o Congresso Nacional, na manhã de ontem. Nesta 6; edição, o evento teve a participação inédita de delegações de 27 países, além de representantes de todas as unidades federativas do Brasil. A Polícia Militar não informou uma estima de público. Os organizadores falaram em 100 mil.
Realizada a cada quatro anos, a Marcha das Margaridas ocorre desde 2000. Como em todos os outros eventos, as mulheres protestaram por mais políticas públicas voltadas ao campo. Mas, neste ano, a pauta foi além. ;Apresentamos uma plataforma, na qual expressamos um modelo de sociedade mais justo, que garanta qualidade para a educação, a saúde; contrário à violência praticada contra mulheres e a favor do acesso a bens comuns, como água e alimentação saudável sem agrotóxicos;, disse a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, referindo-se as 20 propostas públicas apresentadas.
As mulheres também protestaram contra a mineração em terras indígenas e a reforma da Previdência. Algumas carregaram cartazes contra o governo de Jair Bolsonaro. Pautas em defesa da saúde pública para as mulheres e aborto também estavam entre as reivindicações. Parte das manifestantes carregaram cartazes em defesa do ex-presidente Lula e entoaram ;Lula Livre; durante o ato.
Sem contato
Agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras, extrativistas e outras trabalhadoras começaram a marchar pouco depois das 8h, saindo do Parque da Cidade, onde estavam acampadas. O movimento é marcado pelas camisetas lilás e pelos chapéus de palha decorados com margaridas usados pela maioria das manifestantes.
O lema da marcha deste ano foi Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência. Diferentemente das edições anteriores, não houve contato com autoridades governamentais. Após marchar pela área central de Brasília, as participantes se concentraram no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, onde ouviram os discursos de lideranças.
Para saber mais
Luta por paz e direitos
O nome do evento, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), é uma homenagem à trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de 10 anos à frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada e 13; salário, férias remuneradas.