Domingo, onze da manhã e o Sol escaldante do inverno brasiliense. Ainda assim, estamos na rua. Ou melhor, no parque. Adultos e crianças ganham o Pithon Farias cheios de vitalidade e coragem. O número de pistas aumentou ; e o de visitantes muito mais ; desde a época em que o Parque da Cidade tinha o nome do filho de um ex-governador. Mas o que mais me chamou a atenção em uma recente passagem por lá foi a quantidade de patinetes elétricos espalhados pelo nosso grande bosque.
Ao menos duas inquietações ritmaram minha caminhada pelas setas azuis, as que guiam os seis quilômetros. Começo com o desassossego da curiosidade. Nesse caso, fixei nos patinetes parados.Tem alguns estacionados em cada canto intrigante... ;A pessoa desceu aqui e foi para onde?;, ;Quem será que vai pilotar a próxima viagem?; e ;Se ficar muito tempo parado, alguém vem resgatá-lo?;.
O aglomerado de brinquedos de duas rodas também chamou a atenção. Ficam tão simetricamente parados no meio de tantas pessoas prazerosamente soltas. ;É muito organização para um dia livre!”
Foram as desprendidas crianças, aliás, que me levaram ao outro tipo de instigação. Dessa vez, com nostalgia. Elas deslizavam pelas pistas, acionando botões para acelerar e frear os patinetes elétricos. Parecia tão simples.
Na época do Pithon, reinavam as bicicletas. Mamãe apertava o passo para completar os quatro quilômetros, hoje delineados pelas setas amarelas, enquanto eu suava em pedaladas sobre uma Berlinetta azul.
São outros tempos. Indiscutivelmente, estamos em um de mais facilidade e tecnologia. Mas é no mínimo curioso ver uma geração conhecida por não se desprender de eletrônicos se divertir, no passeio de domingo, sobre um brinquedo elétrico. No dia do diferente, os dedinhos que acionam smartphones continuam sendo os mais demandados, só trocam de botão.
Confesso que tenho uma certa resistência a algumas inovações tecnológicas. Sou daquelas que bate o pé e segue usando o que chamam de antiguidades ; como as agendas de papel. Também, em dias especiais, pedalo com minha Berlinetta no Pithon e no Eixão. Desde aquela ida ao parque, tenho rezado para não me deparar com rolimãs elétricos em nenhum desses passeios.