Cidades

Homem que matou tia asfixiada no Paranoá vai responder por feminicídio

Delegada Jane Klébia diz que é feminicídio porque "estão presentes os elementos que indicam a hipossuficiência da vítima, frente à sua condição de mulher frágil e idosa, além do parentesco por afinidade (tia do autor)"

Bruna Lima
postado em 10/08/2019 19:35
Maria do Vale é a 15ª vítima de feminicídio em 2019, no DF
A mulher asfixiada e morta pelo sobrinho no Paranoá é a 16; vítima de feminicídio do Distrito Federal. Maria Almeida do Vale, 68 anos, foi encontrada sem vida na última quinta-feira (8/8), em cima da cama, com um capacete de motociclista e uma camiseta enrolada na cabeça. Além disso, ela estava vestida com uma calça e jaqueta do suspeito, Fábio Pessoa do Vale, 38 anos, que fugiu após o crime.
O caso havia sido enquadrado inicialmente no inquérito como feminicídio, protocolo adotado pela Polícia Civil em situações de morte violenta de mulher. De acordo com a corporação, o método veio para garantir que provas importantes em crimes de gênero sejam preservadas e as investigações fiquem cada vez mais qualificadas. No especial Elas no alvo, o Correio revela que a violência contra a mulher tem muitas nuances e começa ainda na primeira infância. Tanto que existem casos da Lei Maria da Penha ser usada para garantir os direitos e a punição mais rigorosa de crianças com 2 anos ou menos.
Ao chegar no local do crime, a delegada Jane Klébia, titular da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) chegou a declarar que a linha de investigação era a de homicídio. Porém, após encontrar o suspeito e reunir mais elementos sobre as circunstâncias do crime, ela ponderou tratar-se de feminicídio. "Estão presentes os elementos que indicam a hipossuficiência da vítima, frente à sua condição de mulher frágil e idosa, além do parentesco por afinidade (tia do autor)", explicou. O juiz de Ouricuri manteve a tipificação e, caso condenado, Fábio pode pegar até 30 anos de prisão.
[VIDEO1] Fábio chega ao Distrito Federal neste domingo (11/8) e ficará à disposição da Justiça. Fábio, que é ajudante de pedreiro, fugiu em uma moto e só foi encontrado na noite de sexta-feira (9/8), na rodoviária da cidade de Ouricuri, em Pernambuco, quando embarcava em um ônibus interestadual no sertão do estado nordestino. De acordo com a polícia, ele iria para a casa do avô, em Boa Viagem, no Ceará.
À polícia, o homem confessou o crime e não mostrou arrependimento. "Ele detalhou que decidiu matar a tia na noite anterior, justificando que se enfureceu porque ela teria começado a falar mal dele após um desentendimento entre o autor e o filho da vítima", conta Jane Klebia.
Maria havia chegado à casa da família na última segunda-feira (5/8). Moradora de Montividiu (GO), cidade a cerca de 500 km do Plano Piloto, ela veio ao DF para colocar em dia a documentação de um veículo e pretendia voltar para casa na próxima semana.

O crime

Fábio do Vale, 38 anos, foi encontrado em Ouricuri, em Pernambuco, tentando embarcar em um ônibus interestadual
Na madrugada de quinta-feira (8/8), Fábio forçou um cabo de rodo na garganta da vítima enquanto ela dormia. "Já pela manhã, na tentativa de esconder o sangue, ele colocou o capacete na cabeça da vítima e saiu de casa", detalha. Assim que fugiu, ele ainda roubou R$ 200 da tia e mais R$ 600 da mãe. Fábio vendeu a motocicleta, uma Honda Titan 202 azul, usada para fugir. Ele usou o dinheiro, R$ 1 mil, para sair do DF. Após ver a notícia de que o homem era suspeito de assassinato, o comprador da moto procurou a polícia para fazer a denúncia.
Com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da família do rapaz e da vítima, os policiais da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) trabalharam com a hipótese do suspeito ter ido para fora do Distrito Federal, para a casa de algum familiar em outro estado. Antes de chegar no local onde foi detido pela PRF de Pernambuco, Fábio passou pelas cidades de Floriano e Oeiras, ambas no Piauí. A polícia conseguiu descobrir o itinerário da viagem e o localizou. Ele usava o nome próprio nas bilheterias das rodoviárias.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação