O Grupo Via entrou com pedido de recuperação judicial. Formado pela Via Engenharia S.A e pela Via Empreendimentos Imobiliários, o grupo informou, por meio de nota oficial, que tomou a decisão devido a problemas decorrentes da ;grave crise econômica-financeira do país, que impactou quase todos os setores da economia, principalmente os de construção pesada civil e o mercado imobiliário;.
De acordo com o advogado do grupo, José Murilo Procópio, o pedido foi protocolado na 1; Vara de Recuperação e Falências, com base na Lei n; 11.101/2005. Trata-se de um mecanismo legal que permite a reestruturação de empresas em crises econômico-financeiras. O objetivo é reerguer o negócio a partir da renegociação das dívidas.
O advogado descartou a possibilidade de falência. ;A recuperação é um favor legal às empresas. A Via é tradicionalíssima e está passando por um problema de recebimento de crédito e falta de obras, mas é um grupo que tem estrutura, portanto, não vai haver dispensa de funcionários em massa, pois o grupo tem plenas condições de seguir com os contratos em andamento;, disse.
Segundo Procópio, a partir do pedido de recuperação judicial, a Via tem 60 dias para apresentar um Plano de Recuperação. ;O principal objetivo é mudar o perfil da dívida;. Atualmente, o grupo acumula dívida de R$ 330 milhões. Conforme informações que constam da petição de recuperação judicial, entre 2014 e abril de 2019, a Via Empreendimentos somou negócios de R$ 1,2 bilhão, dos quais R$ 609, 9 milhões sofreram distrato. Somente em 2015, 86% dos contratos foram distratados.
;Só no Rio de Janeiro, já são 300 imóveis mobiliados disponíveis, que ficaram vazios principalmente depois das Olimpíadas, o que também levou o grupo a acumular prejuízos com a manutenção desses imóveis;, explicou Procópio.
Ele disse que o setor de construção pesada também foi duramente atingido pela crise e, desde 2014, vem sofrendo com o menor volume de investimentos, principalmente do governo federal. ;A descontinuidade e o andamento anormal das obras de grande porte do governo federal vêm prejudicando sobremaneira o desempenho da Via Engenharia em 2018 e 2019. Entre 2015 e 2018, a estimativa de investimentos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a maior fonte de recursos do país, era de R$ 1,04 trilhão. Segundo dados do Ministério de Planejamento, foram realizados somente 24,2% do total previsto nesse período;, diz a petição.
Incerteza
De acordo com o documento, três obras da Via Engenharia sofrem ;com a incerteza e o atraso; na liberação dos empenhos orçamentários e dos recursos financeiros: a obra do canal para a integração das vertentes paraibanas, na Paraíba; a duplicação e restauração da BR-101, na Bahia, e a obra do Córrego Riacho das Pedras, para implantação das bacias de detenção e infraestrutura de controle de cheias, em Contagem, Minas Gerais.
De acordo com a nota do grupo, o pedido de recuperação tem os objetivos de ;preservar a condição operacional da Companhia e readequar o passivo, de forma a sustentar um fluxo financeiro que garanta a capacidade de pagamento dos compromissos firmados, mantendo a continuidade de suas atividades e os empregos gerados nas regiões onde atua;. O grupo informa, ainda, que a recuperação judicial é ;imprescindível; para que sejam honrados compromissos com fornecedores, funcionários, parceiros e credores com o menor impacto possível.
R$ 330 milhões
Dívida declarada pela Via Engenharia no pedido de recuperação judicial
R$ 609, 9 milhões
Volume de distratos de negócios do grupo entre 2014 e abril de 2019