Os jovens Eládio Neto, Davi Reis, Nicolas Correia e Arthur Mattos foram ao evento musical Vila do Yurb, no domingo (21/7). O grupo de amigos conta que estava saindo do banheiro da festa quando foi puxado pelo braço por seguranças e intimado a passar por uma revista antidrogas.
De acordo com testemunhas, a segurança do complexo levou Eládio Neto, Davi Reis e Arthur Mattos para um local isolado. Ao chegar ao local, eles foram questionados sobre possível porte de drogas. Os envolvidos negaram, mas, mesmo assim, diesseram ter sido agredidos por duas pessoas: um segurança do local e um indivíduo, sem uniforme, que se identificou como Policial Civil, mas não informou o nome.
Uma testemunha, que prefere não revelar sua identidade, relata que "as pessoas brancas, que também passaram pela revista não foram agredidas e receberam tratamento diferente". Ela acrescenta que Davi e Eládio receberam xingamentos e foram expulsos do evento. "O segurança sentiu confiança para tratar nós, negros, dessa forma. Mas os outros envolvidos na situação, que eram brancos e com aparência de classe mais alta, não foram enquadrados da mesma maneira, com tanta violência", compartilha Eládio Neto.
Arthur Mattos disse que a cena claramente envolveu racismo. "Eu sou branco. Por isso, o segurança mal encostou em mim. Falou comigo com muita educação. Pediu para eu tirar o que tinha no bolso e dentro da minha pochete. Depois que fiz isso, ele disse que a revista tinha acabado. Com os meninos, eles xingaram, falaram frases racistas e ainda os agrediram", conta.
Outra testemunha relata que "depois da primeira revista, os seguranças insistiram em uma segunda inspeção. Um dos seguranças envolvidos, aplicou o golpe mata-leão em um dos meninos, além de sacar um objeto e dar uma coronhada na cabeça do Eládio. Isso mesmo depois de não achar drogas", afirma.
O vídeo compartilhado em redes sociais mostra a parte que testemunhas questionam o suposto policial civil, de boné vermelho, sobre o ocorrido. Uma pessoa presente no momento conta que o segurança, ao perceber que estava sendo filmado, pediu para que parassem de gravar.
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Em nota, o organizador do evento Felipe Takatsu se defende. Leia a íntegra da nota: "Primeiramente, gostaríamos de destacar que nós, do Yurbar, não aceitamos qualquer tipo de violência ou preconceito e penalizamos com veemência caso, de fato, aconteça. A equipe de segurança encontrou alguns dos envolvidos usando drogas (maconha) dentro do complexo e, por isso, foram retirados do local, uma vez que não toleramos o uso ou comercialização de produtos ilícitos, além de ações como roubo, furto, assédio, entre outras. Em nenhum momento o racismo foi o motivo da retirada dos jovens do local. Nosso evento acontece aos domingos, sempre com ingresso e produtos a preços populares com pagode, samba, sertanejo e funk, música da cultura brasileira, justamente com o intuito de agregar e democratizar o ambiente para que todos se sintam em casa. Por ora, a equipe de segurança do evento foi afastada temporariamente enquanto apuramos todos os fatos."
* Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader