Jornal Correio Braziliense

Cidades

Servidora que perdeu filho para o H1N1 cria campanha para deter o vírus

Depois de perder o filho, de 23 anos, servidora se engaja na campanha de vacinação para combater o Influenza A

O número de brasilienses mortos por H1N1 dobrou em duas semanas. São seis os casos confirmados no último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, três a mais do que o divulgado no balanço anterior. No total, a gripe levou 15 pessoas a óbito, sendo que 40% delas contraíram o Influenza A H1N1, considerado o subtipo viral mais grave da doença. Em menos de 24 horas da manifestação dos primeiros sintomas de um suposto resfriado, o estudante Lucas de Castro Dias Buarque de Gusmão, 23 anos, teve a morte declarada após dar entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em 27 de maio. O H1N1 foi o responsável por tirar, de forma abrupta, a vida de um jovem saudável que, segundo a mãe, a servidora pública Thâmar Castro Dias, tomava as vacinas todos os anos.

;No meu trabalho, todos os funcionários e dependentes são imunizados e a campanha para ele tinha começado precisamente no dia em que ele faleceu. Então, não deu tempo. O que a morte do meu filho mostra é a letalidade desse vírus, que pode atingir qualquer pessoa. Lucas era um menino cheio de planos, sonhos e possibilidades reais porque era brilhante e querido. A dor que eu sinto é inominável, indescritível, imensurável. Falta uma parte de mim;, lamenta Thâmar.

Desde a partida de Lucas, a servidora pública se engajou na luta contra a doença, propagando a importância do combate eficaz. ;As pessoas não se dão conta da necessidade das vacinas. Fomos humilhados por um vírus. Uma equipe médica de preparo indiscutível fazendo de tudo não foi suficiente;.

Foi no velório do Lucas que a mãe percebeu a quantidade de jovens que não julgavam necessária a imunização. ;Comecei a chamar a atenção para a vacina. E isso não é só uma questão de proteção própria, é de pensar no coletivo. Quando você se protege, ajuda a fortalecer a barreira para outras pessoas. É preciso ser responsável e saber que a gripe mata.;

Nas redes sociais, pessoas até de fora de Brasília começaram a compartilhar as postagens da servidora e contar relatos pessoais que reforçam a necessidade da imunização, mesmo para aqueles que não fazem parte do público-alvo da Campanha contra a Gripe. ;É uma doença que vem de vez. Nunca fui de ficar gripada, nada. Achei até que estava infartando;, relata a paulista Rosana Silvestre, 52.
Sentindo muita falta de ar, Rosana foi ao pronto-socorro e recebeu tratamento para bronquite. Horas depois, bastante debilitada, deu entrada no hospital e ficou internada 18 dias na unidade de terapia intensiva (UTI), em isolamento, após ser detectada a presença do vírus A H1N1. ;Eu achei que não ia aguentar;. O caso ocorreu no ano passado, mas os prejuízos causados à saúde se refletem até hoje.

Comum em porcos, o H1N1 foi transmitido para o homem pela primeira vez em 2009. A gravidade do subtipo do Influenza A está, segundo o médico infectologista Leandro Machado, na capacidade de se reproduzir no corpo. ;O H1N1 se diferencia dos outros subtipos pela maior virulência, ou seja, consegue se reproduzir e espalhar rapidamente no órgão e, por ser uma invasão intracelular, o corpo combate a doença atingindo as células contaminadas. Por isso, as chances de sequelas são maiores;. Quando há a imunização, o corpo se prepara para uma eventual invasão. ;O corpo já produziu as células de defesa capazes de derrotar o vírus antes mesmo de gerar uma doença e uma lesão;, explica.

Perigo

Embora o Distrito Federal tenha imunizado mais de 92% das pessoas pertencentes ao público-alvo em 2019, conseguindo bater a meta de 90%, os grupos de crianças de seis meses até seis anos e gestantes ficou abaixo do esperado ; com 79,9% e 88% de cobertura, respectivamente.

; Como se cuidar


Além da vacinação, o Ministério da Saúde recomenda que a população siga os passos da ;etiqueta respiratória;.

; Lave e higienize as mãos com frequência, principalmente antes de consumir algum alimento e após tossir ou espirrar
; Utilize lenço descartável para higiene nasal
; Cubra nariz e boca quando espirrar ou tossir
; Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca
; Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas
; Mantenha os ambientes bem ventilados
; Evite contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe
; Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem evitar sair de casa em período de transmissão da doença (até 7 dias após o início dos sintomas).

; Danos

; 15 mortes por gripe
; 6 por H1N1
; = 40% dos casos