Após o fim da maior greve da história dos metroviários, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô/DF) ainda não voltou à normalidade. A categoria terminou com a paralisação de 77 dias ontem, acatando determinação do Tribunal do Trabalho da 10; Região (TRT-10), mas servidores e passageiros enfrentaram situações atípicas. Das 24 estações, 13 abriram sem funcionários na bilheteria. Isso resultou na liberação das catracas, pois não há acordo do órgão que garanta a ;quebra de caixa;, diferença paga pela empresa se faltar alguma quantia de arrecadação. Nas 11 estações com cobrança de passagem, havia somente um atendente, o que contribuiu para as filas nos horários de pico.
Rosilene Bernardo Silva, 39 anos, reclamou da demora na compra do tíquete na Estação Central. ;Eu acho que cada categoria tem de lutar pelos seus direitos, mas é um problema recorrente ficar um bom tempo na fila até pegar o bilhete e passar na catraca;, queixou-se a diarista. Em Águas Claras, também havia somente um funcionário na bilheteria, como relatou Carlos Afonso, 51. ;Uso o metrô todo dia, e esse fim da paralisação vai me ajudar muito, pois, antes, eu precisava sair de casa bem mais cedo. Mas o que estou vendo é que não há muitos servidores, coisa que só não gerou transtorno maior porque estamos em época de férias;, afirmou o diretor comercial.
No início do dia, houve preocupação quanto ao horário de abertura das estações, pois o metrô suspendeu o pagamento da indenização de transporte aos funcionários. A situação gerou manifestação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô-DF). ;Essa indenização é o fator que possibilita os empregados de poderem estar nos seus postos de trabalho, em horários em que não há transporte público disponível, locomovendo-se por condução própria. Isso possibilita o funcionamento do metrô a partir das 5h30 e até as 23h30;, informou, em nota.
Porém, não houve registro de terminais que abriram fora do tempo previsto, de acordo com a companhia. ;Todas as estações funcionaram a partir do horário normal, às 5h30, e 24 trens circularam no horário de pico, reduzindo o tempo de espera dos trens;, informou a Metrô/DF. A empresa acrescentou que ;tomará medidas cabíveis em relação aos empregados que se recusaram a cumprir seu dever funcional, inclusive quanto aos prejuízos causados ao erário;, referindo-se às bilheterias fechadas. A companhia não detalhou como será o funcionamento do transporte nos próximos dias.
Alívio
Apesar dos problemas de ontem, o fim da greve foi comemorado por quem depende do metrô diariamente. Ana Paula Araújo, 38 anos, diz que esse é o melhor meio de transporte para o trabalho, e que teve dificuldades durante a paralisação. ;Agora está bem diferente, tudo mais tranquilo e os vagões um pouco mais vazios, já que o fluxo de trens está maior. Mas, nos últimos meses, não dava nem para entrar no vagão de tão lotado. Foi sofrido;, lembra a biomédica. O Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal (DER) manterá, por enquanto, a faixa exclusiva liberada para todos os veículos na EPNB. Para evitar que os motoristas sejam pegos de surpresa, ;a fiscalização das faixas exclusivas nas vias W3 Sul, W3 Norte e Setor Policial Sul será retomada a partir da 0h hora de amanhã (hoje), sexta-feira;.