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Metrô trabalha com catracas abertas no primeiro dia após fim da greve

Servidores retornam ao trabalho após 77 dias de paralisação, mas ainda sem efetivo completo devido a falta de transporte, antes oferecida a eles. Poucas bilheterias abriram, formando grandes filas


O primeiro dia após o fim da greve dos metroviários ainda não tem estações funcionando normalmente. Após 77 dias de paralisação, os servidores do Metrô acataram determinação do Tribunal do Trabalho da 10; Região (TRT-10) e voltaram às suas atividades. Porém, a categoria está sem a indenização de transporte para se locomover aos postos de trabalho. Devido a falta desse pagamento de passagem, a maioria das estações do Distrito Federal amanheceu sem servidores nas bilheterias.

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[SAIBAMAIS] Os postos de bilhetes que foram abertos tinham somente um funcionário, o que causou grandes filas. O serviço para compra de passagem foi lento e gerou uma espera de cerca de 10 minutos em estações como Central e Ceilândia Centro. "Aqui na estação da Rodoviária é todo dia essa demora nas filas, até sem greve", reclamou a diarista Rosilene Bernardo da Silva, 39.
Há registros de funcionários em bilheterias somente em 11 estações. Nas 13 demais, as catracas foram liberadas: 102 Sul, 108 Sul, 112 Sul, 114 Sul, Asa Sul, Feira, Arniqueiras, Concessionárias, Praça do Relógio, Ceilândia Sul, Ceilândia Norte, Furnas e Samambaia Terminal. Grande parte das estações abriu às 5h30, horário normal de funcionamento. Houve apenas um pequeno atraso na saída dos trens, de cerca de 10 minutos.

O fim da greve foi comemorado por quem utiliza o metrô diariamente. Ana Paula Araújo, 38 anos, diz que esse é o melhor meio de transporte para seu trabalho, e que teve muitas dificuldades durante os 77 dias de paralisação. "Hoje está bem diferente, tudo tranquilo e os vagões um pouco mais vazios, já que o fluxo de trens está maior. Mas nos últimos meses não dava nem para entrar no vagão de tão lotado", conta a biomédica.

Em nota, a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) informou que "todas as estações abriram no horário normal e 24 trens circularam no horário de pico, reduzindo o tempo de espera dos trens nas estações". O órgão ainda detalhou que, das 24 estações, 13 tiveram que liberar acesso aos usuários porque alguns empregados seguiram a orientação do Sindmetrô e não abriram o caixa das bilheterias. "A direção do Metrô tomará medidas cabíveis em relação aos empregados que se recusaram a cumprir seu dever funcional, inclusive quanto aos prejuízos causados ao erário", finalizou.


Faixas liberadas

O Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal (DER) irá manter, por enquanto, a faixa exclusiva liberada para todos os veículos na EPNB. "Caso haja o cumprimento da decisão, o DER/DF informará a todos sobre a data de volta da proibição de circulação na faixa exclusiva", informou o órgão em nota.

Prejuízo

De acordo com o Metrô, 45% dos metroviários aderiram ao movimento. Já o SindMetro diz que do total de 1.301 servidores, 98% entraram em greve. "Somente 54 deles, que têm cargos de chefia, não ingressaram a greve por medo de perder os cargos", informou a diretora de comunicação do sindicato.
Segundo o metrô, em 74 dias os trabalhadores deixaram de transportar R$ 1,7 milhões de usuários. O prejuízo chegou a R$ 8,8 milhões. Por dia, circulam, em média, 190 mil usuários. Antes da decisão dos metroviários, a empresa informou que esperava o retorno da categoria ao trabalho, conforme determinou o TRT.