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CB Saúde: Hran tem estrutura boa para atender pacientes com covid-19

É o que diz a gerente de enfermagem da unidade, Cleidy Crisóstomo, em entrevista do CB Saúde

Cleidy Crisóstomo é gerente da equipe enfermagem do Hospital Regional da Asa Norte. A unidade é referência para o tratamento de covid-19 e chegou a ter 100% dos leitos ocupados. Ela conversou com Humberto Rezende sobre os desafios de ser uma profissional de saúde na pandemia de covid-19. A enfermeira teve a doença e segue hospedada em hotel de programa do Governo do Distrito Federal (GDF) para evitar infecções de familiares.

Você é gerente da equipe de enfermagem do Hran, hospital referência para covid-19 no DF. Como foi a preparação da equipe para esse momento especial?

No início, nós apanhamos muito. Porém, o Hran participou dos programas de treinamento e montou um comitê de crise. Com esse comitê, nos preparamos para o boom, mesmo sem ele ter chegado. Então esse momento foi bem organizado. Quebramos a cabeça, sofremos muito, mas hoje o fluxo e os protocolos estão bem montados. É exaustivo cuidar do paciente com covid-19, mas nós estamos vencendo.

O DF montou hospitais de campanha e nós temos esse medo da falta de leitos. Como vocês do Hran estão se sentindo em relação à capacidade de atender as pessoas?

É um assunto muito complexo, mas nós, do Hran, temos uma estrutura boa montada. O hospital de campaha veio para nos ajudar e fortalecer. Em relação aos leitos, estamos tranquilos, mesmo depois de todo o sofrimento e luta. Exames e altas estão mais rápidos dentro Hran.

Nessa estrutura que vai desde o pessoal da limpeza até os médicos especialistas e intesivistas de UTI, qual é o principal papel dos enfermeiros e dos técnicos de enfermagem dentro da pandemia?

Todo enfermeiro é meio psicólogo, gestor e educador. O enfermeiro tem um papel muito grande, de ser o professor, o condutor. Nós orientamos as equipes, cuidamos da higienização e da paramentação dos profissionais. Temos que estar focados nisso o tempo todo. Não posso tirar o mérito de ninguém, todos são importantes. A enfermagem tá ali com a mão na massa, mas a equipe toda é muito importante.

Como foi receber o diagnóstico de covid-19?

Foi assustador, tive medo, mas o sou muito confiante e tenho fé em Deus. Foi como perder o chão. Eu estava trabalhando e tive perda do paladar, olfato e dor na lombar. Quando fui fazer um exame, o teste deu positivo.
Os 14 dias de isolamento foram os piores para mim, eu tenho família e amigos, foi difícil ficar longe deles.

O que você diria para pessoas que estão começando a se cansar de ficar em casa?

Continue em casa. É melhor ficar cansado em casa do que no hospital. Parece que estamos passando pelo pico. Então, continue em casa que daqui a pouco você vai poder estar livre de novo. É melhor do que se arriscar. Meu conselho será sempre esse.